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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

RENAS DE TRÓIA - SERGIO VAZ



Para delírio dos comerciantes deste país, chegamos finalmente na semana das festas natalinas. Nem no dias das mães consegue-se vender mais do que o natal. É uma época para dar e ganhar presentes. Época que se mede o afeto das pessoas pelo tamanho do presente que se ganha. Ou dá.
Por onde quer que você ande você pode escutar os sinos badalarem, e de quebra, a cantora Simone importunando os nossos ouvidos com o chato daquele refrão: “então é Natal, então é natal, então é natal…”, como se a gente ainda não soubesse. Só de lembrar…
Para falar bem a verdade eu nunca gostei do natal, não sei bem o porque, mas não gosto. Acho que deve ser porque nunca tive natal na minha infância, tampouco na adolescência.
E também nunca gostei do velhinho de barba, o tal de Noel. Ele, pra nós, sempre foi uma pessoa extremamente deselegante, nunca aceitou o convite para visitar a nossa casa.
Dizem as más línguas que ele não gosta de criança pobre e tem medo de circular na favela. Prefiro o Ano novo.
Ninguém pode me culpar por não gostar do papai Noel. Todos que eu conheci tinham barba, cabelo e barriga falsa, e quase nenhum era velhinho. E na sua grande maioria homens desempregados à procura de bico para sobreviverem. Mais ou menos como em lanchonete Fast Food americana: gente que é paga pra sorrir, mesmo sem alegria no coração. Ninguém pode ser feliz ganhando o que eles ganham.
Dizem as más línguas que a figura do bom velhinho foi criado sob encomenda ao artista e publicitário Habdon Sundblom por uma grande empresa de refrigerante mundial. E Assim nascia mais um personagem americano que dominaria o mundo.
Não gosto desse clima natalino porque ele me soa falso. As pessoas me soam falso. E eu também sôo falso.Por conta desse clima de falsa solidariedade vou ter que abraçar até quem eu não gosto, e ser abraçado por quem não gosta de mim. No natal a gente finge que ama e acredita que é amado. Nada mais triste.
Não é amargura, coisa de poeta que não tem chaminé, só não entendo o natal, esse “jeito americano de ser”, que as pessoas acreditam, mas que eu não tenho.
Não gosto do natal porque também é uma época que neva muito no Brasil, não suporto o frio, meu aquecedor está sempre quebrado.
Mas gostando ou não gostando, já é natal.
Mesa farta, mesa falta, em tudo quanto é casa. Em umas Cristo não se manifesta, em outras não foi convidado. Se puderem, tenham boas festas.
Ah, antes que eu também me “esqueça”: – Feliz aniversário, Jesus.



*do livro "Literatura, pão e poesia" Global Editora

Rapper Renan Inquérito não poupa ninguém no livro "#Poucas Palavras"



Por: Guilherme Bryan, especial para a Rede Brasil Atual

"Poesia é insatisfação, um anseio de autossuperação. Um poeta satisfeito não satisfaz". Já escrevera o poeta gaúcho Mario Quintana e que agora é reproduzido no livro "#PoucasPalavras", do rapper paulista Renan Inquérito, que transforma esses versos em lema de vida. Professor de Geografia, ele já foi sorveteiro, empacotador e mecãnico antes de se tornar um dos artistas de hip hop mais aclamados do país, com a banda Inquérito, que já lançou três álbuns. Ele também criou o jornal "Ideia Quente" e participou do livro coletivo "Suburbano Convicto - Pelas Periferias do Brasil".

Em "#PoucasPalavras", Renan Inquérito reúne pensamentos e brincadeiras com as palavras e o espaço branco da folha, como no ótimo "Poeta Musical", levando adiante a criação dos poetas concretos. Os objetivos ficam claros logo no início: "Escrevo como quem faz artesanato, com frases em retalhos, como montar um quebra-cabeças, cada palavra uma peça, até que as partes façam algum sentido". Sérgio Vaz, da Cooperifa, parece acrescentar: "É poesia que dói como a vida, como as ruas que sangram nossos dias na calçada. O livro passa como um filme que não tem pra alugar, num poema que ele crava na página como se cuspisse na cara do opressor, só que você pode rebobinar para que o coração tenha tempo de captar toda sua essência".

A crítica à forte desigualdade social e ao consumismo desvairado ao qual estamos expostos desde que nascemos salta em cada uma das 156 páginas dessa obra, valendo-se dos slogans e logotipos de diferentes marcas bem populares. O autor também não foge à responsabilidade de assumir a palavra. "Vou ser breve: Se a história é nossa deixa que #nóisescreve". Ele também adota o estilo das hastags, do Twitter, afinando-se com a atualidade, marcada pelas redes sociais e as mensagens instantâneas. Também não teme em chamar os "manos" para a luta: "O futuro é uma bala perdida, meu filho / Mas é você quem aperta o gatilho" E muito menos os mais favorecidos: "Empresário, / Não adianta só assinar campanha do agasalho / Queremos autógrafo na carteira de trabalho!".

Com homenagens a Sabotage e Nelson Triunfo, Renan Inquérito declara em "Destino": "Queria cantar como Tim, tocar como Tom, / Jogar que nem o Pelé, escrever igual Drummond / Mas, eu sem o rap ia ser um Bezerra sem a malandragem / Timão sem Fiel, Zumbi sem coragem / Um crente sem bíblia, o Sabotage sem o Canão / Um bar sem bebida, Brasília sem ladrão".

"#PoucasPalavras", portanto, é uma obra que esbanja urgência e precisa ser lida rapidamente, como um rastro de pólvora que se consome e explode nas ruas, e comprova a força da literatura que é feita nas perferias do país, de maneira quase anônima, mas de modo muito mias organizado e verdadeiro do que muitas das obras que ocupam as vitrines das principais livrarias. Nem a imprensa escapa da "roleta russa": "A impressora da imprensa é a jato de sangue / Recarrega os cartuchos a cada bang-bang"; Graças a Deus que nem toda imprensa é assim, né, Renan Inquérito? Ainda há muitos repórteres e jornalistas que escapam dessa carnificina e tentam registrar a sociedade em sites, revistas, jornais e emissoras de rádio e televisão. A conclusão parece vir em "Arma Branca": "Só vai ganhar a GUERRA / Quem se armar de PAZ".

FONTE: www.redebrasilatual.com.br

domingo, 25 de dezembro de 2011

Até deputados do PSDB e DEM apoiam CPI da Privataria



Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual

Será que finalmente o país terá a CPI dos tucanos? Com apoio de partidos da base aliada, e até de parlamentares de oposição o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar denúncias relacionadas às privatizações do PSDB foi entregue na quarta-feria (21), com 185 assinaturas, 14 a mais do que o mínimo exigido (de um terço dos 513 deputados) pela Constituição para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara.

O requerimento foi apresentado pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que encampou o trabalho de coletar firmas de apoio. O fato relevante que sustenta o pedido são os documentos e informações contidas no livro "A Privataria Tucana", do jornalista mineiro Amaury Ribeiro Jr.

Pelo menos quatro do PSDB e cinco do DEM, ambos partidos de oposição, assinaram. Entre os tucanos, figuram os deputados Jorginho Mello (SC), Nelson Marchezan Júnior (RS), Fernando Francischini (PR) e Luiz Carlos (AP). Do DEM, Alexandre Leite (SP), Efraim Filho (PB), Mendonça Prado (SE), Onyx Lorenzoni (RS), Pauderney Avelino (AM). Presenças ilustres também merecem nota, como Tiririca (PR-SP) e Romário (PSB-RJ).

Embora 67 das assinaturas sejam de petistas, nenhum dos deputados do partido subscreveu o requerimento da oposição – embora dois deles tenham participado do ato de entrega das assinaturas ao presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).

É a primeira vez que um livro provoca esse tipo de reação na Câmara dos Deputados. Com 343 páginas, a obra chegou às bancas no dia 9 deste mês, com um terço de seu volume composto por documentos públicos da antiga CPI do Banestado (de 2004) e de juntas comerciais. Há farto material sobre a movimentação financeira de tucanos e de pessoas ligadas ao partido e ao ex-governador José Serra (PSDB-SP).

O requerimento de Protógenes pede investigação em profundidade das denúncias contidas no livro, que vão de irregularidades no processo de privatização de estatais na década de 1990 até casos de lavagem de dinheiro por figuras como o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de campanha do PSDB, Ricardo Sérgio de Oliveira.

Entre os citados na publicação estão pessoas ligadas ao ex-governador de São Paulo José Serra, como sua filha, Verônica Serra, o genro, Alexandre Bourgeois, e o marido de uma prima, Gregório Marín Preciado.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), solicitou um parecer à Secretaria-Geral e disse que só tomará uma decisão em fevereiro de 2012, após o recesso parlamentar. Ele disse que não vê necessidade de dar prioridade absoluta porque não é nada tão fundamental ou que possa trazer prejuízo ao país. Mas promete colocar a comissão para andar.

Depois do PT, os partidos com mais adesões são PMDB e PSB, com 18 cada, PDT (17), PR (15) e PCdoB (13). Seis deputados do PSD, do prefeito paulistano Gilberto Kassab, aliado de Serra, assinam a CPI.

12 Motivos para casar com um Historiador




1. Nunca vai faltar assunto.

Historiador sempre tem uma história pra contar, é legal quando você tem um “figura” do seu lado que tem a cabeça ampla pra as mais diferentes conversas, assuntos, papos, e uma opinião formada mesmo daquilo, ele nunca terá problemas em ser “social” mesmo que seja tímido, tem papo pra tudo.

O único problema é quando o historiador contrariar sua família toda naquele almoço de domingo dizendo que tudo que todo mundo disse tá absolutamente errado e estragar o almoço err…



2. Ele dificilmente irá julgar sua família, amigos, etc…

Estudamos todo tipo de civilizações e forma de viver dos seres humanos, então é mais fácil a gente se surpreender com eventos naturais óbvios do que com os “complexos” seres humanos, pra estudar todo tipo de forma de vida de um ser humano é necessário tentar compreender aquele estilo de vida.

Também jamais irá julgar você pela aparência, ainda mais se ele for fã da teoria da sociedade da imagem.

Então, por consequência quebramos preconceitos, se você namora um historiador fica tranquilo quanto a aquele primo anti-cristo, aquele amigo esquisito, normalmente nunca será julgado, agora quanto a parte de tirar sarro, er não garanto.



3. Todo tipo de regra imposta o historiador normalmente não dá a mínima.

Então se sua preocupação era quanto a onde vai ser o casamento, se você foi “crismada” ou não, que seja, pro historiador é o de menos, ele se importa com tudo menos com os esteriótipos, isso se ele não tiver uma alergia a catolicismo, então naturalmente o importante é que a união dê certo, então ele fará de tudo para que a união mesmo dê certo e dificilmente irá se importar com o preconceito do povo.



4. Se você acredita em outras vidas, o historiador já está pagando sua dívida.

Porque provavelmente ele é professor, então todos os atos ruins da vida passada provavelmente ele já está resgatando como uma boa pessoa.



5. Você será trocado, mas fique tranquilo.

Será no máximo por um livro do Karl Marx ou do Max Weber.



6. No natal, aniversário, dia dos namorados, etc, você não terá problemas em presenteá-lo.

Você sabe que se você der aquele livro que ele tava querendo DAQUELE AUTOR que ele adora provavelmente ele vai ter orgasmos múltiplos de felicidade.

Ou então dê uma estatuazinha do deus Osíris, ou de Afrodite, qualquer coisa relacionada a mitologia que vai ter um ar de “uma pessoa que ama história mora por aqui” também é legal.



7. Ele tem pose de nerd mas isso não quer dizer que seja um.

E principalmente não quer dizer que ele seja certinho, quanto mais se estuda a humanidade menos afim de ser correto nos padrões da sociedade você fica, ele pode ser um capeta, mas tem aquela cara de pessoa certinha e esforçada, o que te poupa explicações, e ele sabe muito bem o que é ridículo pra sociedade e vai te poupar de certas vergonhas alheias.



8. Até os programas de índio vão ser interessantes pra ele.

Nada mais legal do que sentir na pele o que é ser uma sociedade livre do estado, sem regras, sem leis, sem naaada.



10. Não sabe em quem votar na eleição, pede um palpite pra ele!

Só não espere que ele vá sugerir que você vote em partido de direita, aliás se você votar em partido de direita será um motivo pra união ser questionada.



11. Ele pode parecer revoltado, anarquista, socialista, mas no fundo ele só quer o bem de todos.

Então você jamais estará do lado de uma pessoa individualista, pois como estudante de humanas ele sempre pensará no todo e não somente nele mesmo.



12. Quanto mais você estuda, mais medo de falar bobagem você tem.

Então pode contar com ele na hora de jogar na roda aquele assunto difícil, aquela lavação de roupa suja, normalmente ele vai ser bem cauteloso com as palavras, a não ser que você tenha testado demais o santo dele, ai eu já não garanto afinal, fazer história não é como fazer letras não é minha gente?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Analfabetismo entre jovens em favelas é maior que em áreas urbanas regulares



A taxa de analfabetismo entre as pessoas com 15 anos ou mais que vivem em favelas é 8,4%, o dobro da relativa às áreas urbanas regulares de municípios que concentram essas comunidades.

O dado faz parte do levantamento Aglomerados Subnormais – Primeiros Resultados, baseado em informações do Censo Demográfico 2010, divulgado hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo revela que a situação mais grave é encontrada em Alagoas, onde 26,7% das pessoas que moram em assentamentos irregulares são analfabetas. Em seguida, aparecem a Paraíba (21,3%) e o Rio Grande do Norte (16,3%).
A taxa de analfabetismo no Brasil é 9,6%.

Ainda de acordo com o levantamento, mais da metade dos moradores de aglomerados subnormais (55,5%) são pessoas pardas, seguidas de brancas (30,6%) e de pretas (12,9%).

A maior parte da população (34%) dessas comunidades tem rendimento mensal na faixa que vai de mais de meio salário mínimo até um salário mínimo. Apenas 4,6% ganham mais de dois salários mínimos. Entre a população que vive nas áreas urbanas regulares em municípios com ocorrência de favelas, 26% têm rendimentos que vão de mais de meio salário mínimo até um salário mínimo e 27,1% ganham mais do que dois salários mínimos.

O levantamento aponta também que a população das favelas é, em média, mais jovem do que a de áreas de ocupação regular nas cidades com comunidades carentes. Enquanto nos aglomerados subnormais a idade média dos moradores é 27,9, nessas outras regiões urbanas é 32,7.

Fonte: Agência Brasil

domingo, 18 de dezembro de 2011

A paz que eu não quero ter



A FEIRA DA GUERRA – A PAZ QUE EU NÃO QUERO TER

Armada no pavilhão 3 da mesma maneira como se fosse a “Feira da Providência”, com estandes de diversos países, essa “feira” também reuniu fabricantes de todos os lugares do mundo, dentre eles Israel, Rússia, Brasil, EUA (com cerca de 100 empresas), França, Itália, Índia, Paquistão e por ai foi, mas no lugar dos artigos de artesanato, decoração e comidas típicas, os produtos que estavam a venda nos estandes eram pistolas, fuzis, munição, mísseis, minas, gás de pimenta, equipamentos de visão noturna, aviões, helicópteros e tanques de guerra, e mais todos os outros artigos que se possa imaginar que são necessários para se fazer uma guerra, seja ela uma guerra de trincheira, tecnológica, ou uma mais próxima geograficamente de nós, a “guerra” das favelas e cidades brasileiras.

Todos os produtos estavam expostos e à disposição dos visitantes para serem “experimentados” e claro com vendedores ou expositores atenciosos, dispostos a esclarecerem qualquer dúvida sobre como determinado artigo deveria ser manuseado para que obtivesse seu melhor desempenho. Em muitos dos estandes havia também as bonitas modelos de agências de eventos promocionais (como aquelas que vão à feiras de lançamentos de automóveis) para recepcionarem os interessados e entregarem souvenirs como chaveiros com os nomes das empresas fabricantes e os panfletos informativos, materiais supercompletos e com acabamento impecável.

Quem por acaso notou que na última semana algum dos seus “amigos” de de orkut, my spaces, facebooks e etc postaram algumas fotos posando com pistolas, fuzis, ou próximos a mísseis podem ter certeza que eles passaram por lá, pois qualquer visitante podia pegar uma pistola, dentre as muitas sobrepostas nos balcões de empresas como a Taurus, fingir fazer a mira e apertar o gatilho. Via-se pais e mães orgulhosos de seus filhos por estarem portando armas enormes na na presença de tantas autoridades e flashs, mas sobre tudo na presença da LEGALIDADE. A quantidade de pessoas que faziam poses com cara de tigre era enorme.

Pela total naturalidade dos interessados todos pareciam estar no balcão da padaria, pedindo 3 pãezinhos ao seu Manoel ou então na fila de frios do supermercado quando se pede uma prova de queijo minas para saber se tem pouco ou muito sal, só que atrás do balcão não estava o seu Manoel, e sim as grandes indústrias mundiais fabricantes de instrumentos bélicos, que fomentam as guerras pelo mundo. O que contava não era o teor de sal do queijo, as pessoas (homens em 99,%) se orgulhavam ao experimentar e medir o quanto as armas se adaptavam em suas mãos ou seu corpo, falo de um instrumento feito para matar seres humanos, o que ali desde a organização, o tratamento da imprensa, a naturalidade da circulação dos visitantes pelos corredores parecia ser algo ou desprezado ou já totalmente internalizado como “o que deve ser feito”.

Dentre os visitantes havia grupos grandes da marinha, aronáutica, exército, com jovens aparentando ter menos de 25 anos, que circulavam animados pelos estandes, experimentando os artefatos e conversando com as belas recepcionistas, e vi também alguns poucos membros do BOPE. Esses grupos estavam devidamente identificados pelos uniformes, mas a maioria das pessoas eram “civis”, e havia também homens de terno e gravata, com aparência e postura dos chamados “homens de negócio”.

Para entrar na LAAD, era necessário apenas fazer o credenciamento pelo site ou lá na hora mesmo, na entrada do pavilhão no RioCentro. Para a imprensa, o processo era o mesmo. A imprensa que presenciei por lá estava representada apenas pelo canal do Exército Brasileiro e vi uma equipe de TV que a princípio me pareceu de japoneses. Pedi um cartão, e agora com uma rápida busca no google vi que se trata de uma Agência de Notícias, a Xinhua, instituição jornalística estatal da República Popular da China, o maior centro de distribuição de notícias e informações da China.

No release da feira, e em muitos dos materiais gráficos dos estandes, o “lema” se pautava pela apresentação das mais modernas tecnologias e estratégias existentes para a obtenção ou manutenção da SEGURANÇA e estabelecimento das DEFESAS nacionais.

Eu também estava lá, com meus amigos, durante o tempo em que circulei e presenciei todo esse “clima” do evento, na minha cabeça surgiam diversos momentos das filmagens do Falcão Meninos do Tráfico e da realidade das favelas de todo o país por onde passei ao longo dos anos, onde vi e vejo crianças de 10 anos (ou menos) em diante com armas nas mãos.

Foi impossível não ver a imagem que se formava na minha mente de que muitas dessas novas tecnologias para promover a segurança apresentadas no RioCentro acabarão tendo esse mesmo destino, indo parar nas mãos de crianças e jovens das favelas, causando a nossa “guerra” urbana de todo dia, e, do outro lado, estarão nas guerras oficias, nos arsenais dos israelenses, palestinos e povos africanos que se matam, se dizimam e provocam atentados matando milhares de civis. Mas ali, entre os homens de negócios que circulavam tranquilamente com suas pastas, nada o que estava sendo vendido parecia ter qualquer relação com essas tragédias. Com absoluta certeza, todos botaram suas cabeças no travesseiro e foram dormir tranquilos e muito possivelmente com alguns milhões a mais em suas contas-bancárias e/ou na contabilidade de suas empresas.

Diante disso, faço apenas 2 perguntas:

Essa é a forma que o mundo conseguirá ter segurança, se armando cada vez mais e “melhor”?

O combate à violência e o fim das guerras faz realmente parte da agenda dos governantes mundiais, como é declarado todos os dias nos jornais, ou as guerras urbanas e os conflitos entre países são apenas meros meios para aumentar e manter o todo o poderoso mercado de material bélico e imensa rede que o circunda?

População negra, principal vítima das armas de fogo, precisa de mais atenção do Estado, afirmam especialistas




Por: ONU Brasil
14/12/2011

Direcionar recursos não só da área de segurança, mas principalmente da área social, para segmentos da população historicamente marginalizados é um dos principais fatores que poderão contribuir para a redução do índice de homicídios nestes segmentos e dos homicídios em geral, concordam os especialistas que participaram do terceiro painel do Seminário de Desarmamento, Controle de Armas e Prevenção à Violência, com o tema “Gênero, Raça/Etnia e Violência Armada”.

O evento foi promovido pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) e pelo Sistema das Nações Unidas no Brasil em comemoração do Dia dos Direitos Humanos 2011.

Durante o evento, a capitã da Polícia Militar e analista criminal do Instituto de Segurança Pública (ISP/RJ), Cláudia Moraes, ressaltou a importância simbólica da luta de Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica cearense conhecida como Maria da Penha, que recebeu em 1983 um tiro de seu marido, um professor universitário, enquanto dormia.

Em consequência, ela perdeu os movimentos das pernas. Seu marido tentou acobertar o crime, afirmando que o disparo havia sido cometido por um ladrão. Após voltar do hospital, no mesmo ano, sofreu mais agressões e iniciou, no ano seguinte, uma longa jornada em busca de justiça. Ela dá nome à mais importante lei brasileira na luta contra a violência de gênero, em vigor desde 22 de setembro de 2006.

Cláudia Moraes é uma das autoras do ‘Dossiê Mulher’, relatório do ISP que traz informações relativas à violência contra a mulher no Estado do Rio de Janeiro. “Muitas das mortes das mulheres são causadas pelo fato de serem mulheres. Por mais que ainda não utilizemos esta categoria, trata-se de femicídio”, afirmou. Ela lembra que existe os dados de violência contra as mulheres são de baixa qualidade, talvez por uma questão cultural que ainda persiste.

Segundo a pesquisadora, oficialmente 206 mulheres foram vítimas de homicídio doloso por armas de fogo (armas de porte, principalmente) em 2010. Cláudia concluiu que a maior parte dos homicídios de mulheres se dão no espaço público, são realizados com armas de fogo e as vítimas são pardas e negras.

Tatiana Moura, Diretora Executiva do Instituto Promundo, lembrou a omissão do Estado em oferecer espaços de participação para as mulheres, identificando uma série de deficiências históricas, como o não cruzamento entre dados das esferas pública e privada. Ela apontou como um importante marco a resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, de 31 de outubro de 2000, que reafirmou o papel das mulheres na prevenção e resolução de conflitos, negociações de paz, construção da paz, manutenção da paz, resposta humanitária e reconstrução num cenário de pós-conflito.

Em tempos de guerra ou de paz, violência é semelhante

“Se olharmos bem, determinados fenômenos de guerra na violência contra as mulheres se articulam com violências em tempos de paz”, afirmou Tatiana. Ela apontou ainda que 75% das armas pequenas (leves) estão nas mãos de civis, o que ocorre também em contextos de paz, situação que gera grandes riscos para as mulheres. “Essa realidade é frequentemente negligenciada nos contextos de violência de gênero em países como o Brasil ou a África do Sul”. Para além das mortes e ferimentos de mulheres por armas de fogo, explica Tatiana, existem outros impactos diretos, como a perda de um parente ou conhecido próximo.

Nos primeiros dez anos da resolução 1325, afirma, mais de 20 países fizeram planos para colocar em prática a resolução. “O Brasil ainda não”, destacou, lembrando que ainda há muito a ser feito. “A resolução 1325 não é apenas um instrumento de política internacional, e sim de políticas nacionais para a prevenção da violência”.

Racismo institucionalizado gera distorções, mesmo quando há melhorias

Lúcia Xavier, coordenadora da organização não governamental Criola, trouxe dados do sistema de saúde que, segundo argumentou, precisam ser utilizados e comparados com os da segurança. Para Lúcia, os homicídios masculinos apresentam dados muito importantes e a questão racial é igualmente central, conforme ela demonstrou por meio de gráficos com os índices de homicídios no Estado. “Se essas vítimas têm cor, significa que existe aí um outro argumento. São dados ‘coloridos’ pelo racismo institucionalizado”, afirmou.

Utilizando dados do Ministério da Saúde, a especialista aponta que tanto os homens negros quanto as mulheres negras são os mais atingidos por armas de fogo.

Após o início da campanha do desarmamento liderada pelo Ministério da Justiça, apontou Lúcia Xavier, aumentaram os riscos de morte da população parda e negra e diminuiu os da população branca. “Esta política não atinge a população negra, não dá conta das principais vítimas da violência, historicamente. Não traz resultado”, criticou.

“Se há práticas institucionalizadas de racismo”, completou Lúcia, “o que devemos fazer?”. Segundo ela, garantir direitos deve passar por uma política pública que divida as riquezas nacionais. São políticas em áreas como educação, saúde e moradia, entre outras. A especialista lembrou que R$ 635 bilhões vão para a amortização da dívida, por exemplo. “É preciso redistribuir poder para que recursos sejam redistribuídos. As políticas públicas devem ser voltadas para a redistribuição de renda, do contrário as vítimas permanecerão as mesmas.”

Respondendo a uma observação do público sobre o aumento de registros de casos, a coordenadora da ONG Criola lembrou que a violência contra mulheres negras não é um fenômeno recente. “Se elas denunciam mais hoje, é porque se sentem mais seguras. As mulheres negras têm mais experiência nesse tema e, por vezes, não denunciam à polícia por não considerar esta a melhor via.”

Já Cláudia Moraes afirmou que o aumento de registros da violência contra as mulheres no Rio é, em parte, consequência da pacificação promovida pelo Governo do Estado.

Verônica dos Anjos, Coordenadora de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do ONU Mulheres Brasil e Cone Sul e mediadora do terceiro painel, ressaltou que as mortes se dão tanto em países em conflito quanto países considerados em paz. “Mulheres morrem muito mais por armas de fogo do que por qualquer outro objeto, e a maioria são negras. Este é o cenário.”

O Diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa, encerrou o seminário afirmando que o evento fortalece a estratégia da ONU sobre o tema e fundamenta o trabalho em questões como Segurança Cidadã e Raça, Gênero e Etnia, duas áreas de forte atuação do Sistema das Nações Unidas.

Summa lembrou que as organizações podem contar com as Nações Unidas, que estão de portas abertas para realizar parcerias e cooperações com a sociedade, como já acontece com diversas das iniciativas junto com as agências, fundos e programas da ONU que atuam no Brasil.

Fonte: ONU Brasil

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Negro e pardo são principais vítimas de homicídios no DF, diz estudo


Por: Jamila Tavares - G1
16/12/2011

Pesquisa mostra que morreram 437,5% mais negros do que brancos no DF. GDF diz que falta de políticas públicas para esses grupos explicam mortes.

Os negros e pardos são as principais vítimas de homicídios no Distrito Federal, de acordo com dados do Mapa da Violência 2012 divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Sangari. O estudo aponta que no ano passado morreram proporcionalmente 437,5% mais negros do que brancos na capital do país.

Em números absolutos, foram registrados 760 homicídios de negros e pardos no DF em 2010, o que corresponde 86,36% do total (880).

Os números colocam o DF na quinta posição do ranking nacional de homicídios de negros e pardos, atrás de Alagoas, Espírito Santo, Paraíba e Pará – todos com taxas acima de 50 homicídios para cada 100 mil negros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,31% da população do DF se declarou preta ou parda em 2010.

A assessora especial da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do DF, Marlene da Silva Lucas, afirma que as altas taxas de mortalidade da juventude negra no Distrito Federal é resultado da exclusão desta parcela da sociedade das políticas públicas.

“As políticas de ações afirmativas têm um papel relevante na erradicação desses lamentáveis dados”, diz. Marlene afirma ainda que a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial já está trabalhando em parceria com outras pastas para reduzir a morte de jovens negros.

No geral, o estudo mostra que o número de homicídios no DF caiu 14,3% desde 2000. Entre 2009 e 2010, por exemplo, o número de homicídios na capital do país caiu de 1.005 para 880 – o que coloca o DF na 10ª posição no ranking nacional de mortes por 100 mil habitantes. Em 2000, a capital do país ocupava a 7ª posição.

Os registros de mortes violentas nas cidades do Entorno, entretanto, aumentou 39,3% na última década, chegando a 1.451 em 2010. A taxa de mortes por 100 mil habitantes da região, 10,6, ainda é menor do que a verificada, por exemplo, nas regiões metropolitanas de Salvador (418,2), Belém (325,0), São Luís (246,4) e no Vale do Itajaí, em Santa Catarina (228,9).

Fonte: G1 DF

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Democracia Racial ainda é um mito


Por: Editorial Observatorio de favelas
24/11/2011

Comemorado no último 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra – em outras regiões Brasil, Dia de Zumbi – além de ser um dia de festa, também é um momento de reflexão. Zumbi nos remete, automaticamente, a um guerreiro, com espírito de luta e resistência a quaisquer formas de violência e segregação. De outro lado, Consciência que, dentre outros significados, é definida como “sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior”.

A partir destas duas premissas, o Notícias&Análises convida os leitores a uma viagem intronáutica a índices e realidades que ainda fazem parte do cotidiano e da história da população negra.

Para se ter uma idéia, abrimos este convite com a comprovação de que o racismo faz mal à saúde e mata. De acordo com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil (2009 – 2010), publicado esse ano, a população negra é aquela que mais adoece e morre de causas evitáveis como a tuberculose. No ano de 2008, do total de, aproximadamente, 54,8 mil novos casos da doença, 47,5% ocorreram entre negros e pardos, enquanto o percentual de brancos que a contraíram foi de 32,8%.

Ainda de acordo com o relatório, a população negra também é aquela que mais morre por homicídio. Em 2007, o número de mortos por cem mil habitantes em decorrência deste tipo de crime em todo o país foi de 32,2 entre os negros e pardos, contra 15,5 entre os brancos - mais que o dobro. Quanto ao risco de ser assassinado, entre os negros jovens a chance é quatro vezes maior do que a dos brancos na mesma faixa etária.

Não por coincidência, na educação a situação se repete. A taxa de analfabetismo teve uma redução de quatro pontos percentuais conforme informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo 2010. O país tem 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, representando 9,63% nessa faixa etária. As taxas de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade é de 13,3% para a população de cor preta, de 13,4% para os pardos contra 5,9% dos brancos, ou seja, a taxa de analfabetismo dos negros é mais que o dobro em relação à dos brancos.

Ainda de acordo os dados do IBGE mais de 60% dos jovens entre 7 e 14 anos que não freqüentam a escola são negros. O que a frieza dos dados sobre diferentes campos demonstra se choca frontalmente com as mensagens que nos chegam diariamente através das narrativas da grande mídia. Mesmo que a presença negra venha crescendo tanto na imprensa quanto na ficção televisiva e cinematográfica, as conseqüências das desigualdades e dos conflitos raciais cotidianos permanecem invisibilizados pelos meios de comunicação de massa.

A dura realidade do racismo em nosso país é, frequentemente, deixada de lado para dar lugar a contos e histórias de um Brasil que saberia melhor do que qualquer país do mundo lidar com suas diferenças. A constatação que se tem é que a democracia racial continua sendo um mito. Desta forma, nossa busca é para que as perversas conseqüências do racismo sejam encaradas de frente, pois só assim é que se consegue caminhar na direção da superação do próprio racismo. Pelo visto, esta luta ainda se tarda em terminar.

Fonte: Observatorio de favelas

sábado, 15 de outubro de 2011

Escolas investem na mediação de conflitos para promover a paz



Resolver os conflitos no ambiente
escolar por meio do diálogo é uma
prática que vem se mostrando eficaz
para a prevenção da violência e o
desenvolvimento da cultura da paz nas
escolas. Um exemplo disso é o projeto
desenvolvido há
cerca de um ano
pelo Centro de Ensino
Médio (CEM)
01 – Escola São
Francisco de São
Sebastião/DF, em
parceria com o Instituto
Pró-mediação,
entidade sem
fins lucrativos, que
tem como missão
promover a Cultura
da Mediação
no Brasil. A idéia
deu tão certo que
despertou a atenção de outras escolas
e hoje o projeto já é desenvolvido em
instituições de ensino localizadas no Recanto
das Emas, no Gama e no Paranoá.
Localizada na considerada a
terceira região mais violenta do Distrito
Federal, a escola São Francisco era um
reflexo do que ocorria lá fora, mas desde
o ano passado esse cenário vem mudando.
Alunos bagunceiros, considerados
líderes negativos, foram escolhidos
para integrar o projeto “Mediação de
Conflitos”. O projeto aproveitou o potencial
de liderança que esses meninos
já tinham para transformá-los, por meio
de um curso, em mediadores. Uma vez
formados eles passaram a resolver os
conflitos por meio do diálogo, tornando
o ambiente escolar mais atrativo e
respeitoso, tanto para alunos quanto
para professores.
A mudança no comportamento
dos alunos já começa a ser sentida
no decorrer do curso. Lá eles aprendem
a ter outra visão do conflito, que pode
deixar de ser só uma coisa negativa dependendo
da forma como ele é resolvido.
Por meio de aulas práticas e teóricas,
os futuros mediadores
são levados
a compreender
a mediação dos
conflitos como um
instrumento para
a prática da cultura
da paz, da justiça,
da cidadania
e o respeito aos
direitos humanos.
Segundo o professor
Francisco Celso,
do Centro de
Ensino Fundamental
(CEF) 602 do
Recanto das Emas/
DF, além de melhorar a convivência no
ambiente escolar e prevenir a violência,
a mediação é também uma forma de
promover a inclusão, o diálogo, a autonomia
e a participação coletiva.
“A ideia é envolver
não só os estudantes, mas,
também, professores, corpo
técnico-administrativo,
mães e pais de alunos”,
explicou o professor Francisco
Celso. Segundo ele,
todos, de alguma forma,
são personagens dos conflitos
que acontecem dentro
da escola e para que a
mediação funcione é preciso
que todos se sintam representados.
O aluno que
participou do conflito é representado
por um mediador-
aluno, o professor pelo
mediador-professor, e assim por diante.
Daí a importância de todos passarem
pelo curso de mediadores. Mas, para que
isso aconteça, é necessário não só que
todos tenham entendimento da importância
da mediação como, também, que
fique bem claro que ela não substitui as
ferramentas tradicionais da escola.
FORM ATURA – No CEF 602, o
“Projeto Estudar em Paz – Mediação de
Conflitos no Contexto Escolar” formou
sua primeira turma de mediadores no
dia 16 de setembro deste ano. Segundo
o professor Francisco Celso, a participação
desses alunos no curso se deu
de forma voluntária, após um trabalho
de sensibilização feito na escola. A surpresa
é que a procura pelo curso foi superior
ao número de vagas, mas todos
serão atendidos no decorrer do projeto,
conforme garantiu o professor. Os formandos
foram apresentados formalmente
para toda a comunidade escolar,
com direito a cerimônia de entrega de
certificados, camisetas e show da banda
“Estudar em Paz” – criada exclusivamente
para o projeto.


Fonte: www.sinprodf.org.br

sábado, 21 de maio de 2011

Bob Marley e a consciência negra no Brasil


Por: Flávio Jorge Rodrigues da Silva*
16/05/2011



No início da década de 70, desafiando a ditadura militar, a violência policial e os obstáculos à liberdade de expressão, a juventude negra da época se organizou através de um movimento que é a origem do que denominamos movimento negro contemporâneo.

O ponto de partida para a articulação dessa juventude é a valorização da cultura negra e o resgate da história de organização da população negra no Brasil.

Recebe, também, a influência de significativos exemplos de luta em outros lugares do mundo como:

- O movimento da negritude surgido na França na década de 30, a partir da ação de intelectuais negros em torno de questões como a afirmação da dignidade racial;

- O movimento dos direitos civis nos Estados Unidos na década de 70, impulsionado pelos negros americanos em torno de bandeiras como a mobilidade social e igualdade do direito à cidadania entre negros e brancos.


- Os movimentos de libertação dos países africanos, também nos anos 70, que marcaram o fim do colonialismo português e a ascensão ao poder da população negra de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

Os bailes, as equipes de som e a música negra são as os meios para os encontros e as manifestações dos valores e ideias dessa juventude.

Entre essas manifestações está um gênero musical, com letras de forte conteúdo político, oriundo do Caribe e principalmente da Jamaica, o reggae. Grupos como os Wailers e nomes como Burning Spears, Jimmy Cliff, Peter Tosh, Bob Marley passam a ser conhecidos e a ter suas músicas veiculadas aqui no Brasil.

Dando um salto no tempo, nessa semana acompanhamos, ao redor de todo o mundo, a rememoração dos 30 anos da morte do principal destaque do reggae, Bob Marley, que ao plantar suas raízes musicais, sociais e políticas a partir dos anos 70 é, sem dúvida, uma das pessoas mais veneradas e conhecidas no planeta.

“Nós nos recusamos a ser
o que você queria que nós fossemos,
Somos o que somos,
é assim que vai ser,
você não pode me educar”
Babylon System

“Quando eu lembro do estalar do chicote
meu sangue corre gelado,
lembro no navio de escravos,
quando brutalizavam minha alma”.
Slave Driver

“Em que eu me lembro,
a gente sentado ali
na grama do aterro sob o sol,
observando hipócritas
disfarçados, olhando ao redor
amigos presos,
amigos sumindo assim,
pra nunca mais,
tais recordações,
retratos do mal em si,
melhor é deixar pra trás,
Não, não chore mais,
Não, não chore mais.
(Versão de Gilberto Gil de No woman No cry – LP Realce, 1979)

Esses são trechos de música e letras ouvidas e cantadas por várias gerações e que tornaram Bob Marley um dos ícones, um modelo e um exemplo de luta contra as injustiças sociais, em todo o mundo. Que também contribuiu para que nós, negros e negras, aqui no Brasil tenhamos adquirido uma consciência negra, através do resgate de nossa história, da valorização de nossa cultura e de nossos líderes, que nos impulsiona a desconstruir o racismo e fortalecer a nossa identidade racial.


* Flávio Jorge Rodrigues da Silva é diretor da Fundação Perseu Abramo, militante da Soweto – Organização Negra e dirigente da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Por que 1° de Maio é o Dia Internacional do Trabalhador?


Aproxima-se o Dia Internacional do Trabalhador, 1° de MAIO. Trata-se de uma data relevante para a luta dos trabalhadores e trabalhadoras. É importante relembrar o significado da data.

Em 1886, a cidade de Chicago, um dos principais pólos industriais dos Estados Unidos, foi palco de importantes manifestações operárias. No dia 1° de maio, iniciou-se uma greve por melhores salários e condições de trabalho, tendo como bandeira prioritária a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Os jornais a serviço das classes dominantes, imediatamente se manifestaram afirmando que os líderes operários eram cafajestes, preguiçosos e canalhas. No dia 3 de maio, a greve continuava, e na frente de uma das fábricas, a polícia matou seis operários, deixando 50 feridos e centenas de presos. No dia 4, houve uma grande manifestação de protesto e os manifestantes foram atacados por 180 policiais, que ocasionaram a morte de centenas de pessoas. Foi decretado "Estado de Sítio" e a proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas e residências de operários foram invadidas e saqueadas. Os principais líderes do movimento grevista foram condenados à morte na forca. Spies, Parsons, Engel e Fisher foram executados no dia 11 de novembro de 1886, enquanto que Lingg, também condenado, suicidou-se.

Em 1891, no 2° Congresso da Segunda Internacional, realizado em Bruxelas, foi aprovada a resolução histórica de estabelecer 1° de MAIO, como um "dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade".

No Brasil, as comemorações do 1° de MAIO, também estiveram relacionadas à luta por melhores salários e pela redução da jornada. A primeira manifestação registrada ocorreu em Santos, em 1895. A data foi consolidada , quando um decreto presidencial estabeleceu o 1° de MAIO como feriado nacional, em 1925. A efeméride ganhou status de "dia oficial", quando Getúlio Vargas era Presidente da República. Ele aproveitou o dia para anunciar, em anos diferentes - fruto de intensas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras - os reajustes de salários mínimos e a redução da jornada.

Em 2011, no dia 1° de maio, serão realizadas várias manifestações, em todos os Estados, coordenadas pelas Centrais Sindicais, inclusive a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB. Destaca-se, nesse momento, a importância da unidade das Centrais Sindicais em torno de bandeiras de luta comuns, tendo pano de fundo a luta pela implantação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento com Valorização do Trabalho e Distribuição de Renda. As reivindicações principais são: redução da jornada de trabalho sem redução de salário, fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias, valorização do salário mínimo, trabalho decente, igualdade entre mulheres e homens, valorização do serviço público e do servidor público, reforma agrária, valorização da educação e qualificação profissional, redução da taxa de juros.

Estas reivindicações serão expostas em praças públicas das principais cidades brasileiras, para que o Dia Internacional do Trabalhador de 2011, seja efetivamente de luta.

Para tanto, é necessário que as entidades sindicais participem intensamente do processo de organização e de mobilização, esclarecendo, aos trabalhadores e trabalhadoras, o significado da data e as principais reivindicações que serão apresentadas.

FONTE: www.vermelho.org.br

História do Dia do Índio


Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Esta data foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril? Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi
realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.



Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.



No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.



Importância da data



Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e os municípios organizam festas comemorativas. Deve ser também um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.



Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.

FONTE: www.sinprodf.org.br

Negros são mais atingidos por abandono e repetência escolar


Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010, divulgado nesta terça-feira no Rio.

Entre a população de 11 a 14 anos, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta, em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%).

“Mais uma vez, os dados também refletem que o problema de repetência e abandono, ao longo das coortes etárias, incide de forma desproporcional sobre os pretos e pardos”, diz o relatório.

O estudo acentua que é justamente dos 11 aos 14 anos a fase em que crianças e jovens começam a abandonar a escola, daí a gravidade dessa questão.

Desenvolvido pelo Instituto de Economia da UFRJ, o relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 anos de estudo a mais do que a negra.

Se comparado ao quadro de 1988, essa diferença entre brancos e negros pouco mudou. Naquela época, os brancos tinham 1,6 anos de estudo a mais, em média.

Atualmente, a população preta ou parda com mais de 15 anos tinha 6,5 anos de estudos em 2008, ante 3,6 anos em 1988.

Entre os brancos, houve um salto de 5,2 anos para 8,3 anos de estudos.

Fonte: Africas.com

sexta-feira, 25 de março de 2011

Vasco lança uniforme inspirado na história antirracismo do clube


Por: Terra



O Vasco da Gama lançou, na manhã desta quinta-feira, na Sede Náutica da Lagoa, o novo terceiro uniforme do clube. No evento, que começou às 10h (de Brasília), foi apresentada uma camiseta preta, inspirada na histórica luta contra o racismo da qual o time foi pioneiro no início do século passado.

A cerimônia contou com as presenças dos jogadores Fernando Prass, Bernardo e Dedé, além do presidente Roberto Dinamite, junto a alta cúpula da diretoria vascaína. O mandatário falou sobre a nova camisa 3 do clube.

"Esse Vasco que eu quero e desejo. Em todos os anos tentou ser mais igualitário, mais humano. É este Vasco que estamos trabalhando para ser mais vencedor", disse Dinamite.

O uniforme, que tem escrito "Inclusão" e "Respeito" na gola, é uma homenagem aos times de 1923 e 24. Na época, o Vasco foi símbolo da inclusão social, em um período em que acabou sendo desfiliado da liga profissional de futebol por permitir atletas negros. O time ficou conhecido como Camisas Negras no período.

Fonte: Terra

sábado, 19 de março de 2011

Para Lázaro Ramos, visita de Obama ajudará negros do Brasil


Por: BBC BRASIL



Um dos novos expoentes entre os artistas negros no Brasil, o ator Lázaro Ramos acredita que a visita de Barack Obama e sua família pode ter um forte impacto para a autoestima da população negra brasileira, e diz que o presidente tem um valor simbólico "inestimável" para além de sua política.

"Você não acha que uma criança negra que vê um presidente como o Obama não vai se sentir mais possível? Ver um referencial positivo sempre estimula a gente a querer mais", diz Ramos em entrevista à BBC Brasil.

Morador do Rio, o ator baiano pretende ir assistir ao discurso de Obama na Cinelândia no domingo e, se possível, levar sua câmera para filmar Obama mais uma vez. Ele fez questão de comparecer à posse em Washington em 2009, e as emoções que captou com sua câmera no Capitólio e ao seu redor viraram o minidocumentário "O dia da posse de Obama".

"Acho que retratei o que foi histórico naquele momento, que eram as pessoas de várias etnias e classes sociais se sentindo representadas por aquele cara, num dia em que a esperança era quase possível de tocar", diz Ramos.

O ator diz que sua admiração não diminuiu com o governo de Obama, e ressalta estar interessado mais no que o presidente e sua família simbolizam do que em sua política.

Atual galã da novela das oito da Rede Globo, "Insensato Coração", Ramos é casado com a atriz Taís Araújo e está prestes a ser pai. Diz que a família de Obama é um exemplo para ele.

"Eu gostaria de ser aquela família, sabe? Para nós, que somos de um país com população de maioria negra, é muito importante receber essa família."

Leia aqui os principais trechos da entrevista.

Lázaro, você vai ver o discurso do Obama no domingo?
Estou me programando para ir. Quero ver o que ele vai falar no Brasil. Obama é simbólico e é importantíssimo estar atento aos seus atos. Inclusive vou levar um DVD do documentário para ver se eu consigo entregar a ele.

O que você acha que a visita do Obama representa para o Brasil?
Politicamente, acho que é a visita de mais um líder mundial. Sempre é saudável ver a interação do nosso país com outros líderes. Mas, simbolicamente, acho que tem o mesmo efeito que teve em sua eleição. No momento da campanha dele, a gente se identificava muito com ele aqui no Brasil.

O Obama tem um valor inestimável simbolicamente, e por isso acho tão importante eu ter tido a oportunidade de estar lá no dia da posse. Não só por ele ser negro, mas pelas coisas que ele fala, pelas atitudes que ele tomou como senador, pela família que ele constituiu.

Simbolicamente, sua trajetória teve um efeito incalculável em mim e em várias pessoas que conheço. Ainda mais em uma nação como os Estados Unidos, que passou oito anos sob o comando de Bush, um dos presidentes mais equivocados que a história do mundo já produziu. De repente passar de Bush para o Obama foi uma mensagem para o mundo da população americana, que resolveu tomar outra direção.

Você acha que o fato de ele ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos vai ter um impacto forte para a população negra brasileira?
Ah, claro que sim. Acho que isso afeta a nossa autoestima de uma maneira incalculável. Você não acha que uma criança negra que vê um presidente como o Obama não vai se sentir mais possível? Ver um referencial positivo sempre estimula a gente a querer mais, a se sentir mais possível. Eu falo de criança porque geralmente é onde referências são importantes, mas para mim ele também é uma superreferência.

Quando o Obama foi eleito, o clima era de esperança em grandes mudanças. Mas hoje muitos se dizem decepcionados com sua política e com as promessas que ainda não se concretizaram. Você é um deles?
Eu me apego ao Obama como valor simbólico. Na relação política, acho que ele é um político como qualquer outro. Pegou um país em crise e está passando por dificuldades por que qualquer líder passaria, pegando um país como os Estados Unidos quebrado como estava.

Mas nem me apego tanto a isso porque ele é presidente dos americanos, não é? Meu presidente foi Lula e agora é Dilma. Eu fico acompanhando mais a Dilma. Mas fico sempre na torcida para que o governo de Obama dê certo, porque esse cara é muito importante para a história mundial.

Então você não tem um olhar crítico sobre a sua política?
Politicamente, os interesses são do povo americano, do partido democrático, e aí são outros quinhentos. Quando me perguntam sobre o Obama, sempre faço questão de ressaltar esse lado simbólico dele. Acho que isso é o que mais nos afeta.

E quando falo desse lado simbólico do Obama, falo também da família dele. Não consigo excluir a Michelle e as filhas como um referencial. Eu gostaria de ser aquela família, sabe? Para nós que somos de um país com população de maioria negra, é muito importante receber essa família. Um cara que cuida tão bem da sua família, uma mulher que está ali parceira de seu marido, e também com um discurso bacana, com projetos interessantes. Isso me toca como brasileiro.

O que te levou a ir filmar a posse de Obama?
Acho que era óbvio que eu tinha que ir, porque foi uma data que teve o tamanho do discurso do Martin Luther King, do dia das Diretas Já. Eu estava estudando inglês e cinema em Nova York, tão próximo. Entrei num trem e comecei a filmar. E foi muito interessante, porque acabei tendo um enfoque que poucas pessoas tiveram. Depois procurei no YouTube e vi que ninguém tinha feito a mesma coisa.

Como eu não consegui acesso oficial para filmar o discurso, resolvi filmar a minha situação de cidadão comum, saindo de Nova York até Washington. Foi ótimo, porque filmei as pessoas no vagão comigo, saindo na estação do trem, a emoção das pessoas. Entrevistei gente que veio de vários locais diferentes. Acho que eu retratei o que é histórico naquele momento, que eram as pessoas de várias etnias e classes sociais se sentindo representadas por aquele cara, num dia em que a esperança era quase possível de tocar.

Esse é o momento que fica da posse do Obama. O que vem depois é a trajetória de todo político, com altos e baixos e buscando defender os interesses da sua nação.

Você pretende filmar o discurso na Cinelândia no domingo?
Se deixarem, né? Não sei como vai ser o esquema lá. Vou pedir autorização, mas não sei se vou conseguir.

Em breve você também vai ser pai. Pensando no futuro de seu filho, o que você espera que mude no Brasil em relação à diversidade racial?
Espero que a gente consiga valorizar o nosso maior patrimônio, que é a diversidade. Temos tido melhoras no nosso país, mas ainda está longe do ideal. Ainda não entendemos que a diversidade é um valor e que podemos conviver com ela de maneira saudável, um respeitando o outro e garantindo direitos iguais para todos. Isso que eu espero, mas não só para o meu filho, não. Se estiver bom para todo mundo vai estar bom para ele.

Você disse que gostaria de ser parte da família de Barack Obama. Se você pudesse conhecê-los, o que gostaria de mostrar do Brasil?
Como baiano corporativo, eu diria para ele: "Pô, Obama, tu já chegou aí no Rio, agora vamos dar uma voltinha ali no Pelourinho pra você conhecer também!" (risos) Acho que se o Obama vier para a Bahia ele não volta para os Estados Unidos não, ele fica.

Fonte: Folha de S. Paulo

segunda-feira, 14 de março de 2011

NOVOS DIAS - SERGIO VAZ

“Este ano vai ser pior…
Pior para quem estiver no nosso caminho.”

Então que venham os dias.
Um sorriso no rosto e os punhos cerrados que a luta não para.
Um brilho nos olhos que é para rastrear os inimigos (mesmo com medo, enfrente-os!).
É necessário o coração em chamas para manter os sonhos aquecidos. Acenda fogueiras.
Não aceite nada de graça, nada. Até o beijo só é bom quando conquistado.
Escreva poemas, mas se te insultarem, recite palavrões.
Cuidado, o acaso é traiçoeiro e o tempo é cruel, tome as rédeas do teu próprio destino.
Outra coisa, pior que a arrogância é a falsa humildade.
As pessoas boazinhas também são perigosas, sugam energia e não dão nada em troca.
Fique esperto, amar o próximo não é abandonar a si mesmo.
Para alcançar utopias é preciso enfrentar a realidade.
Quer saber quem são os outros? Pergunte quem é você.
Se não ama a tua causa, não alimente o ódio.
Por favor, gentileza gera gentileza. Obrigado!
Os Erros são teus, assuma-os. Os Acertos Também, divida-os.
Ser forte não é apanhar todo dia, nem bater de vez em quando, é perdoar e pedir perdão, sempre.
Tenho más notícias: quando o bicho pegar, você vai estar sozinho. Não cultive multidões.
Qual a tua verdade ? Qual a tua mentira? Teu travesseiro vai te dizer. Prepare-se!
Se quiser realmente saber se está bonito ou bonita, pergunte aos teus inimigos, nesta hora eles serão honestos.
Quando estiver fazendo planos, não esqueça de avisar aos teus pés, são eles que caminham.
Se vai pular sete ondinhas, recomendo que mergulhe de cabeça.
Muito amor, muito amor, mas raiva é fundamental.
Quando não tiver palavras belas, improvise. Diga a verdade.
As Manhãs de sol são lindas, mas é preciso trabalhar também nos dias de chuva.
Abra os braços. Segure na mão de quem está na frente e puxe a mão de quem estiver atrás.
Não confunda briga com luta. Briga tem hora para acabar, a luta é para uma vida inteira.
O Ano novo tem cara de gente boa, mas não acredite nele. Acredite em você.
Feliz todo dia!

Após Bolsa Família e sindicalistas, Dilma prestigia movimento negro


Por: Roldão Arruda, de O Estado de S. Paulo



Depois de anunciar o aumento no valor do Bolsa Família e de receber sindicalistas em Brasília, a presidente Dilma Rousseff prepara-se para prestigiar organizações do movimento negro. Ela deve participar no dia 21 da entrega dos prêmios do Selo de Educação para a Igualdade Racial. Serão premiadas as 100 melhores experiências de escolas de ensino básico e secretarias municipais e estaduais de educação na área de combate ao preconceito étnico-racial. Na mesma ocasião, a presidente deve lançar oficialmente no País o Ano Internacional para Afrodescendentes, instituído no ano passado pela ONU.

A presença de Dilma está sendo anunciada pela Secretaria de Política de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que organiza o evento. A escolha do dia 21 de março se deve ao fato de a data marcar, no calendário da ONU, o Dia Internacional para a Eliminação da Desigualdade Racial. Também se comemora nesse dia a criação da Seppir, que está completando oito anos.

A titular da secretaria, a ministra Luiza Barros, ainda deve aproveitar a data para anunciar suas principais metas de trabalho para este ano. Antes de chegar ao cargo atual, Luiza foi militante do Movimento Negro Unificado e chefiou, entre 2008 e 2010, no governo de Jacques Wagner (PT), a Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia.

Fonte: Estadão.com

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Brasil registra primeiro caso de indiciamento por tortura motivada por racismo


Por: Jorge Américo - Radioagência NP



Seguranças do Carrefour agrediram o vigilante Januário Alves de Santana em 2009

Em uma decisão inédita, no início deste mês, a Polícia de São Paulo indiciou seis seguranças da rede de supermercados Carrefour pelo crime de tortura motivada por preconceito racial. Eles agrediram o vigilante Januário Alves de Santana, em agosto de 2009, apontado como suspeito de roubar o próprio carro no estacionamento de uma das lojas em Osasco, na Grande São Paulo.

Também em Osasco, a dona de casa Clécia Maria da Silva, de 56 anos, foi parar no hospital depois de ter sido acusada de furto por seguranças da rede Walmart. Ela havia pagado pelas mercadorias, assim como um garoto de 10 anos, que foi ameaçado com um estilete por um segurança do supermercado Extra – que pertence ao grupo Pão de Açúcar. As ameaças ocorreram em uma salinha nos fundos da loja. Em ambos os casos, as vítimas eram negras.

Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar são as três maiores redes de supermercados que atuam no Brasil. Juntas, elas lucraram R$ 71,5 bilhões em 2009. Em entrevista à Radioagência NP, o advogado Dojival Vieira, que acompanha os casos citados, revela os métodos utilizados pelos agentes de segurança dessas empresas para proteger seu patrimônio. Entre outras revelações, ele relata as agressões e humilhações que ocorrem nas chamadas “salinhas de tortura”, para onde são levados os acusados de furto.

Radioagência NP – Os agressores do vigilante Januário foram indiciados por tortura. Qual a importância dessa decisão?

Dojival Vieira – É a primeira vez na história do Brasil que há um enquadramento, um indiciamento, no crime de tortura motivada por discriminação racial. Ou seja, a aplicação da Lei 9455/97 de forma exemplar. É uma decisão histórica, importante, ainda que, obviamente, seja apenas o começo, já que a partir do indiciamento, da conclusão do inquérito, ele será remetido ao Ministério Público. Caberá ao MP oferecer a denúncia e à Justiça aceitá-la, instaurar o processo, passar os indiciados a réus e condená-los de acordo com a lei.

Que argumentos você utilizou para pedir ao delegado que o crime fosse enquadrado como tortura?

Um homem que é suspeito do roubo do próprio carro, que é perseguido, que tenta se evadir para escapar com vida. É dominado, levado a um canto e torturado durante quase 30 minutos com socos, pontapés, tentativa de esganadura, que inclusive lhe provocaram fratura no maxilar, que provocaram a destruição da sua prótese dentária. Não se pode, obviamente, imaginar que isso seja lesão corporal leve.

O que acontece nas chamadas salinhas para onde são levados os suspeitos?

São espécies de salinhas de castigo, ou salinhas de tortura, em que seguranças despreparados, sem qualquer capacitação e importando essa cultura truculenta e autoritária, do “prende e arrebenta” do período militar, se autorizam, se sentem à vontade para assumir o papel que eles efetivamente não têm. Que é o papel de fazedores de justiça com suas próprias mãos.

Eles acabam exercendo um papel de polícia?

Não é só eles que não podem fazer isso. A polícia também não tem autoridade, em um estado democrático de direito, para bater, agredir nem praticar violência contra ninguém.

O que se pode fazer para acabar com esses abusos?

O Ministério da Justiça precisa fazer um acompanhamento mais amiúde, mais frequente, das atividades dessas empresas. Inclusive, o que se sabe, é que essas empresas de segurança têm mais homens trabalhando armados do que o contingente das Forças Armadas. Então, é uma situação de segurança pública, inclusive. O mercado em que operam as empresas de segurança, que é extremamente lucrativo, não pode operar de acordo com suas próprias leis.

Por que tanta truculência?

Essas empresas transportaram para as relações de consumo práticas que não são próprias da democracia, não são compatíveis com o estado democrático de direito. E as empresas que as contratam – os supermercados e shoppings – não tiveram até agora a preocupação de investir no treinamento e na capacitação desses funcionários.

Que critérios definem um suspeito?

No Brasil, por conta da herança de quase 400 anos de escravidão e de mais 122 anos de racismo pós-abolição, o negro é o suspeito padrão. Frequentemente, quase cotidianamente, as pessoas que são alvo dessas violências, dessas humilhações, desses constrangimentos, desses vexames, são pessoas negras de todas as idades.

Isso ocorre inclusive com crianças.

Eu, particularmente, tenho acompanhado alguns desses casos, e o último deles envolve uma criança de dez anos, que ao se dirigir ao supermercado Extra, da Marginal Tietê, na cidade de São Paulo, após passar no caixa e pagar normalmente as mercadorias que pegou ­– biscoitos, salgados, refrigerantes – foi abordado por seguranças, levado a um quartinho e obrigado a se despir sob a ameaça de chicotes, de agressão.

Fonte: Correio do Brasil

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

McDonald´s: Maus tratos e superexploração


Nesta semana, nas bancas, o jornal Brasil de Fato traz uma grande reportagem sobre a superexploração e maus tratos que sofrem os jovens e adolescentes na maior rede fastfood do mundo. Confira a seguir trechos



24/02/2011




Michelle Amaral

da Reportagem




















“Uma vez eu estava com uma bandeja cheia de lanches prontos para serem entregues e escorreguei. Quando ia caindo no chão, meu coordenador viu, segurou a bandeja, me deixou cair e disse: 'primeiro o rendimento, depois o funcionário'”, conta Kelly, que trabalhou na rede de restaurantes fast food McDonald´s por cinco meses.

“Lá você não pode ficar parado, se sentar leva bronca”, relata Lúcio, de 16 anos, que há 4 meses trabalha em uma das lojas da rede na cidade de São Paulo. “Você não tem tempo nem para beber água direito”, completa José, de 17 anos. “Uma vez eu queimei a mão, falei para a fiscal e ela disse para eu continuar trabalhando”, lembra o adolescente. Maria, de 16 anos, ainda afirma que, apesar da intensa jornada de trabalho nos restaurantes, recebe apenas R$ 2,38 por hora trabalhada.

Os relatos acima retratam o dia-a-dia dos funcionários do McDonald´s. Assédio moral, falta de comunicação de acidentes de trabalho, ausência de condições mínimas de conforto para os trabalhadores, extensão da jornada de trabalho além do permitido por lei e fornecimento de alimentação inadequada são algumas das irregularidades apontadas por trabalhadores da maior rede de fast food do mundo.

Somente no Brasil, o McDonald´s tem mais de 600 lojas e emprega 34 mil funcionários, em sua maioria jovens de 16 a 24 anos.

As relações de trabalho impostas pelo McDonald´s são objetos de estudo de muitos pesquisadores. Do mesmo modo, pelas irregularidades recorrentes, a rede de fast food é alvo de diversas denúncias na Justiça do Trabalho.

Em São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Restaurantes de São Paulo (Sinthoresp), ao longo dos anos, tem denunciado as más condições a que são submetidos os funcionários do McDonald´s.

Recentemente, resultou em uma punição ao McDonald´s uma denúncia feita há quinze anos pelo sindicato ao Ministério Público do Trabalho (MPT) da 2ª Região, em São Paulo. Trata-se de um acordo que, além de exigir o cumprimento de adequações trabalhistas, estabelece o pagamento de uma multa de R$ 13,2 milhões.

Desse valor, a rede de fast food deve destinar R$ 11,7 milhões ao financiamento de publicidade contra o trabalho infantil e à divulgação dos direitos da criança e do adolescente durante os próximos nove anos. Além disso, a rede deve doar R$ 1,5 milhão para o Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O compromisso foi firmado em outubro de 2010 e passou a valer em janeiro deste ano.

As investigações realizadas pelo MPT a partir da denúncia do Sinthoresp confirmaram as seguintes irregularidades: não emissão dos Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT); falta de efetividade na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; licenças sanitárias e de funcionamento vencidas ou sem prazo de validade, prorrogação da jornada de trabalho além das duas horas extras diárias permitidas por lei, ausência do período mínimo de 11 horas de descanso entre duas jornadas e o cumprimento de toda a jornada de trabalho em pé, sem um local para repouso.

O MPT também apontou irregularidades na alimentação fornecida aos trabalhadores: apesar de oferecer um cardápio com variadas opções, o laudo da prefeitura de São Paulo reprovou as refeições baseadas exclusivamente em produtos da própria empresa por não atender às necessidades nutricionais diárias. Em relação à alimentação, o McDonald´s chegou a ser condenado, em outubro de 2010, pela Justiça do Rio Grande do Sul a indenizar em R$ 30 mil um ex-gerente que, após trabalhar 12 anos e se alimentar diariamente com os lanches fornecidos pela rede de fast food, engordou 30 quilos. (A reportagem completa você lê na edição impressa número 417 do jornal Brasil de Fato).

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Brasil que desce redondo


Não é de hoje que vemos celebridades brindando e sorrindo a nossas custas. Quantos artistas sobem ao palco e aparecem em suas apresentações com taças e mais taças de cerveja, vodka, champagne?

Mal sabem eles como estão sendo usados. Esta indústria é rica e sábia, utiliza do sucesso, deste falso padrão do que é belo para venderem. Concordamos, têm enorme talento, pois suas propagandas são ícones, vencem diversos festivais internacionais utilizando a imagem de nossas belas mulheres que, diga-se de passagem, são meros “objetos” publicitários (não é assim que “eles” vêm?).

Sem mais rodeios, esta nação que desce redondo no sangue de seus familiares e conhecidos presos em ferragens, despedaçados, que desce redondo nas lágrimas da criança que vê sua mãe ser violentada, agredida por aquele que deveria ser exemplo masculino, pai, padrasto, agora destrói TV, quebra louças, arruína sonhos, está embriagada em sua própria insensatez.

Parece radicalismo, nem todos os casos chegam a este ponto. Mas me responda se as pessoas que hoje sofrem com a doença do alcoolismo sempre beberam em demasia? Será que desde o primeiro porre agrediram seus familiares? Não. Isto é um trajeto cheio de curvas perigosas em uma estrada federal sem sinalização e com asfalto precário.

Hoje temos um batalhão de alcoólatras de um final de semana, de uma dose antes das refeições. E é este batalhão que é derrotado na primeira curva. Muitos dos que morrem em acidentes de trânsito não são os velhos dependentes, mas aqueles que bebem socialmente.

São o exercito de jovens que adentram em suas casas em silêncio com medo e vergonha de suas mães. São a milícia dos que acordam deitados em suas próprias fezes e vômitos. Mas isto a propaganda número 1 do mundo não mostra.

Vamos aos dados

•Entre 1961 e 2000 o consumo per capita de álcool cresceu 154,8% no Brasil;
•Os gastos em 2006 foram de R$ 118 milhões para o tratamento de 123.061 pessoas internadas devido a acidentes causados pelo uso do álcool;
•92% dos casos registrados de violência doméstica estão ligados ao uso do álcool;
•Acredita-se que 50% dos agressores envolvidos em violência sexual estavam embriagados;

Problemas clínicos

•O álcool eleva a pressão sanguínea causando palpitações, falta de ar e dor no tórax;
•Pode atrofiar os testículos; Altera o quadro de plaquetas o que torna freqüente as hemorragias;
•Provoca a má absorção dos alimentos e causa desnutrição, diarréias, dores abdominais, etc.
•Lesões no fígado decorrentes do abuso do álcool que podem causar doenças como hepatite, cirrose, etc.

Enfim, demonstramos aqui nossa preocupação com aqueles que bebem socialmente, pois estes são alvos em potencial. Demonstramos nosso sentimento de compaixão para com as famílias que são alvo de torturas físicas e emocionais. Vimos por meio desta, de modo simples, provocar uma reflexão sobre este assunto e não uma ofensa ou insulto.

Pedimos a cada leitor e leitora que promovam este debate, que discordem, que multipliquem... Sempre cientes que muitas vezes nossa satisfação, ou nosso motivo pra ficar mais alegre ou relaxado é o grande causador da destruição de lares, famílias e vidas.

Conteúdo do livro: "Coletânea Escrita - Aborígine Incita" EM BREVE

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Hip-Hop é a Cultura Juvenil de massa mais Politizada do Brasil


Por Mano Oxi

Ouvi esse comentário na 23 ° Reunião do Conselho Nacional de Juventude que ocorreu entre os dias 14 e 15 de Dezembro em Brasília.
Me senti lisonjeado por fazer parte desta cultura há mais de quinze anos. Nesse período todo tenho de admitir que o Hip Hop vem alcançando cada vez mais espaço de visibilidade e principalmente espaço de decisão.

Atualmente no Brasil, temos mais de três vereadores eleitos pelas candidaturas do hip-hop e mais de trinta nomes que concorreram resultando em ótimas votações, além de inúmeros jovens do movimento que ocupam cargos de confiança como: assessores parlamentares, secretários de cultura, coordenadorias de Políticas Raciais, entres outros.

O Governo Federal, representado pelo Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2010 reconheceu o Movimento Hip-Hop oficialmente, criando o Prêmio Nacional da Cultura Hip-Hop que ficou conhecido como “Prêmio Preto Ghóez” (Ghóez foi um importante ativista do Hip Hop brasileiro). Este prêmio tem como objetivo principal reconhecer o Hip Hop como cultura popular da juventude historicamente excluída em nosso País.

O Hip Hop vem se organizando também no terceiro setor; são inúmeras as organizações de hip-hop que já possuem o seu CNPJ e muitas já participam de licitações, disputando verba pública para financiarem suas ações culturais nas comunidades desassistidas pelo Poder Público em âmbito Municipal, Estadual e Federal.

Há mais de dez anos, o hip-hop criou os seus próprios veículos de comunicação, seja nos canais públicos ou independentes, Jornais expressos ou pela grande teia digital conhecida mundialmente como Internet. São muitos os sites, blogs e rede sociais para informar o público sobre os acontecimentos que envolvem nossa cultura.

Aqui no Rio Grande do Sul, os últimos dois anos foram muito significativos para a valorização e reconhecimento do Hip Hop nas esferas institucionais. Por exemplo, tivemos uma boa articulação para criar a Lei Municipal e Estadual do Hip Hop (10.378 Municipal e 13.043 Estadual), instituindo nossa cultura dentro do calendário da Cidade de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul.

Em seguida, realizamos o 1º Encontro Estadual de Hip Hop que ocorreu no mês de Maio de 2009, reunindo mais de mil jovens do movimento, vindos das diferentes partes do Rio Grande do Sul no Teatro Dante Barone, na Assembléia Legislativa do Estado.

Realizamos o 1º Seminário Regional de hip-hop também em parceira com a ALERGS, onde tiramos alguns encaminhamentos dos quais irão nortear o movimento nos os próximos anos. Atualmente tramita na ALERGS o PL.124 que instituirá, quando for aprovada, uma Política Estadual do Hip Hop garantindo ações conjuntamente com o Governo do Estado.

Não posso deixar de citar o 3° Congresso de Hip-Hop que ocorreu na cidade de Santos, São Paulo, no mês de Janeiro de 2010, reunindo mais de cinco mil jovens de todos os cantos do Brasil para fazer um momento de reflexão sobre os avanços do movimento em nosso País.

Por fim, durante o mês de Outubro de 2010, foi criado o Fórum Estadual de Diálogo Permanente do Hip-Hop, instância máxima do Hip-Hop Gaúcho perante as esferas Institucionais do Estado.

Por tudo isso, acredito também que o hip-hop é a cultura juvenil de massa mais politizada do Brasil. Pode acreditá, é o Hip-Hop contribuindo para as transformações de nossa sociedade. Assim que é, um forte abraço a todos e todas.

Cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no Brasil


Por: O Estado de S. Paulo



Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc projeta uma chocante estatística: a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil. E já foi pior: há 10 anos, eram oito as mulheres espancadas no mesmo intervalo.

Realizada em 25 Estados, a pesquisa Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado ouviu, em agosto do ano passado, 2.365 mulheres e 1.181 homens com mais de 15 anos. Aborda diversos temas e complementa estudo similar de 2001. Mas a parte que salta aos olhos é, novamente, a da violência doméstica.

"Os dados mostram que a violência contra a mulher não é um problema privado, de casal. É social e exige políticas públicas", diz Gustavo Venturi, professor da USP e supervisor da pesquisa.

Para chegar à estimativa de mais de duas mulheres agredidas por minuto, os pesquisadores partiram da amostra para fazer uma projeção nacional. Concluíram que 7,2 milhões de mulheres com mais de 15 anos já sofreram agressões - 1,3 milhão nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

A pequena diminuição do número de mulheres agredidas entre 2001 e 2010 pode ser atribuída, em parte, à Lei Maria da Penha. "A lei é uma expressão da crescente consciência do problema da violência contra as mulheres", afirma Venturi.

Entre os pesquisados, 85% conhecem a lei e 80% aprovam a nova legislação. Mesmo entre os 11% que a criticam, a principal ressalva é ao fato de que a lei é insuficiente.

Visão masculina


O estudo traz também dados inéditos sobre o que os homens pensam sobre a violência contra as mulheres. Enquanto 8% admitem já ter batido em uma mulher, 48% dizem ter um amigo ou conhecido que fizeram o mesmo e 25% têm parentes que agridem as companheiras. "Dá para deduzir que o número de homens que admitem agredir está subestimado. Afinal, metade conhece alguém que bate", avalia Venturi.

Ainda assim, surpreende que 2% dos homens declarem que "tem mulher que só aprende apanhando bastante". Além disso, entre os 8% que assumem praticar a violência, 14% acreditam ter "agido bem" e 15% declaram que bateriam de novo, o que indica um padrão de comportamento, não uma exceção.

Na infância


Respostas sobre agressões sofridas ainda na infância reforçam a ideia de que a violência pode fazer parte de uma cultura familiar. "Pais que levaram surras quando crianças tendem a bater mais em seus filhos", explica Venturi. No total, 78% das mulheres e 57% dos homens que apanharam na infância acreditam que dar tapas nos filhos de vez em quando é necessário. Entre as mulheres que não apanharam, 53% acham razoável dar tapas de vez em quando.

O Estado de S.Paulo

Fonte: Vermelho.org >

Povos indígenas e negros reafirmam direito à soberania e aos recursos naturais


Por: Natasha Pitts - Adital



Terminou na terça-feira (15), a Assembleia de Povos Indígenas e Negros de La Muskitia, em Honduras, iniciada na sexta-feira (11) com o intuito de analisar e discutir as ameaças à vida dos povos Miskitu, Tawahka, Pech, Garífuna e Lenca. Além das definições e declarações liberadas após o encontro, os participantes divulgaram a concretização da Unidade de Povos Indígenas e Negros de La Muskitia Hondurenha (UPINMH).

O evento foi um espaço importante para que os povos participantes reafirmassem a luta contra seus inimigos históricos – a transnacionalização, a privatização, o concessionamento e a militarização - e expusessem quais iniciativas serão desenvolvidas daqui para frente.

Em sua declaração final, os participantes denunciaram que seu modo de viver e os recursos naturais preservados por eles e seus ancestrais estão sendo "ameaçados pelas pretensões do Estado e dos capitais nacionais e transnacionais que desejam tomar o controle dos mesmos sem se importar com os impactos ambientais, sociais e a violação aos direitos coletivos”.

Uma decisão do Estado de Honduras que vem prejudicando os povos de La Muskitia é a construção das represas Patuca I, II e III sem a realização de qualquer tipo de consulta prévia e informada, nem o consentimento dos povos afetados. Os Miskitu, Tawahka, Pech, Garífuna e Lenca deixam claro que a informação repassada pelo presidente Porfirio Lobo de que apenas os povos mestiços seriam afetados pela Patuca III não é verdadeira. Com exceção dos Lenca, quatro povos serão afetados pela redução da quantidade de água disponível no rio Patuca, empobrecimento da biodiversidade aquática e perda do único meio de comunicação fluvial.

Projetos semelhantes a este são considerados pelos povos indígenas e negros como de privatização da água, fato inaceitável dentro de sua cosmovisão. Apesar disso, desde o início do século XX o Estado hondurenho dá continuidade à outorga de diversas concessões de exploração na plataforma continental e marítima de La Muskitia, violando direitos de propriedade, administração e controle de território.

As violações e intromissões não param por aí. Os povos participantes asseguram categoricamente que rechaçam as intenções do governo de criar uma "cidade modelo”, plano que acarretará na perda da soberania dos povos da região.

"Reiteramos nosso repúdio ao Plano de Nação e Visão de País, igualmente à criação e operação da Secretaria de Povos Indígenas e Afro-hondurenhos, assim como as pretensões deste governo com a criação da ‘cidade modelo’, já que estas iniciativas não estão de acordo com nossa cosmovisão, a problemática, necessidades e prioridades particulares dos povos que habitam o território de La Muskitia”, declararam.

De modo semelhante, a militarização também afeta a vida dos povos que habitam a região e retira sua autonomia sobre o território. A justificativa de luta contra o narcotráfico e a retirada ilegal de maneira não convence mais. Os povos indígenas e negros conhecem o valor de suas terras e compreendem que o aprofundamento da militarização acarreta na perda da soberania nacional e dos direitos dos povos.

Na oportunidade, a fim de fortalecer as demandas e lutar contra os desmandos do governo de Porfirio Lobo, os participantes fundaram a Unidade de Povos Indígenas e Negros de La Muskitia Hondurenha (UPINMH) para que se possa dispor de um "espaço de articulação, incidência e avanço para a construção de uma região autônoma para enfrentar de forma coletiva as políticas públicas estatais e os interesses do capital nacional e transnacional”.

Fonte: Adital >

Dilma garante implementar políticas públicas para mulheres


A primeira mulher na Presidência da República será também o primeiro chefe do governo brasileiro a transformar as políticas públicas voltadas para a população feminina em uma das prioridades máximas do seu mandato. Construção de creches, linhas especiais de crédito para mulheres e ações interministeriais de combate à violência e de formalização do trabalho doméstico estão entre as medidas que serão anunciadas no próximo mês por Dilma Roussef.
Conforme o figurino do novo governo, voltado prioritariamente para o combate à miséria, especial atenção será dada às parcelas mais pobres da população. Elas são o principal alvo do programa de creches, que nascerá sob o desafio de cumprir a ambiciosa meta anunciada por Dilma na campanha eleitoral, de entregar 6 mil unidades até o fim do mandato.
Parte desse contingente populacional é formado pelas empregadas domésticas, que representam no Brasil algo entre 6 e 8 milhões de pessoas. Estudo da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), com base na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, mostrou que 94,7% delas não têm carteira de trabalho assinada.
Os ministérios do Trabalho, da Previdência, a SPM e outros órgãos federais ainda discutem os detalhes do que será feito, mas é certo que as ações no campo do trabalho doméstico envolverão duas frentes. Numa delas, haverá um esforço conjunto para fazer valer a legislação trabalhista. Na outra, o Executivo defenderá no Congresso regras que assegurem às empregadas condições mais dignas de vida. As possibilidades em análise incluem a ampliação dos direitos trabalhistas e a garantia de acesso à aposentadoria. Em encontro com entidades feministas, na semana passada, a ministra de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes, disse que a intenção do governo é “trabalhar a autonomia econômica, financeira e política das mulheres”.
Na reunião com representantes do movimento feminino, Iriny contou que a SPM deixará de ser secretaria para se transformar em ministério. E apontou a violência contra a mulher como outra preocupação prioritária do governo Dilma, que também será objeto de ações interministeriais. Nesse caso, mais uma vez, para fazer cumprir a lei, evitando abusos contra as mulheres.
Os direitos femininos motivarão ainda a primeira grande campanha de propaganda do governo., informou que todo o mês de março será dedicado pelo governo às mulheres. “Em vez de um dia, teremos um mês. A ideia é que a presidenta anuncie alguma coisa em pelo menos uma cidade de cada uma das cinco regiões do país”, disse Iriny.

(Fonte: Congresso em foco)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

No Brasil, preconceito sutil é mais forte e perpetua racismo


Por: Glenda Almeida



As manifestações sutis de discriminação racial estão cada vez mais presentes no dia-a-dia da sociedade brasileira. Segundo a psicóloga Sylvia Nunes, que pesquisou sobre o preconceito sutil no Instituto de Psicologia da USP, as pessoas ainda precisam pensar e discutir o tema de forma mais eficaz, a fim de reconhecer o racismo. Como aponta o estudo, a discriminação, da maneira como vem sendo perpetuada, está cada vez mais “escondida”, porém, ainda existente e resistente, tornando a luta contra o preconceito racial mais difícil.

De acordo com o trabalho de Sylvia, já houve épocas em que a forma mais comum de racismo era a explícita, chamada pela autora de “preconceito flagrante”, uma maneira de discriminação que geralmente envolve violência, xingamentos, agressão física e verbal, e é de “fácil percepção” e até de “denúncia”. Enquanto isso, como aponta a psicóloga, o preconceito sutil é corriqueiro, e se utiliza, por exemplo, de brincadeiras, piadas, omissões, ausências e apelidos que parecem “inocentes”.

Buscando entender e detectar esse tipo de manifestação de racismo, Sylvia aplicou um questionário a 235 alunos universitários, no Brasil, e a 71 estudantes, na Espanha. Lá, as perguntas eram relacionadas à discriminação dos ciganos, chamados gitanos, enquanto no caso brasileiro, eram relacionadas a discriminação contra negros e mestiços.

“No questionário existiam frases ou perguntas como ‘“Eu não gostaria que um negro suficientemente qualificado fosse escolhido para meu chefe”, ou então “com que frequencia você sente simpatia pelos negros?”, respectivamente relacionadas ao preconceito flagrante ou sutil. Em algumas questões, por exemplo, as opções de respostas eram “níveis de concordância ou discordância”, como em “discordo muito, discordo em parte, discordo um pouco, concordo um pouco, concordo em parte, concordo muito”. Para chegar às conclusões quantitativas do estudo, foram utilizadas provas estatísticas, baseadas em escalas de preconceito sutil e flagrante, dos teóricos Pettigrew e Meertens, aplicadas às respostas do questionário.

Segundo os resultados dessas provas, há maior facilidade dos espanhóis em declarar o racismo que os brasileiros. A partir das respostas, também foi possível constatar que há maior expressão de preconceito sutil do que flagrante, nos dois países. Outro dado interessante é que os homens se mostraram mais preconceituosos que as mulheres, tanto no Brasil quanto na Espanha.

Entrevistas

Após essa fase da pesquisa, a psicóloga sorteou 19 pessoas dentre as que haviam respondido ao questionário, sendo 15, brasileiras e 4, espanholas. Na opinião da autora, “de todas as etapas, a das entrevistas no Brasil foi a mais enriquecedora. Ao prestar atenção nos discursos, era evidente a sutileza do preconceito, e o quanto as pessoas quase sempre dizem que o racista não é ela própria, e sim o outro”, afirma a autora do trabalho.

Depois de feitas as entrevistas, Sylvia formulou “categorias de análise” para estudar o aspecto qualitativo do estudo. Ao todo, a psicóloga apontou seis categorias, que sistematizam o que foi encontrado e detectado nos discursos, como evidência do preconceito sutil. Por exemplo, na categoria “Brincadeiras racistas”, o estudo revela o quanto a sutileza racista conquista lugar no universo do lúdico, das brincadeiras e apelidos, onde tudo parece não ser tão real ou sério, apesar de serem, quando o tema é preconceito.

Já a categoria “O dedo apontado para o negro” é composta pelas falas daqueles que recorrem ao discurso de que, na verdade, quem é preconceituoso e não aceita a si próprio é o negro, ou seja, fala por meio da qual há a culpabilização da vítima. Segundo Sylvia, há também os discursos que se encaixam na categoria “Pseudoneutralidade”. “Esses são aqueles que se protegem, que se incomodam sim com o tema, mas não encaram, e tentam se dizer neutros, imparciais, como se as situações cotidianas que envolvem preconceito sutil fossem indiferentes”, explica a pesquisadora.

Além disso, a autora afirma o seguinte: “nas entrevistas, também levantei a questão das cotas e de outras ações afirmativas. Agrupei as falas relacionadas ao assunto categorizando-as como ‘Raça e classe’. Neste agrupamento de falas, todos os entrevistados se posicionaram contra as cotas sem mesmo saber realmente o que são e o que representam, como se essas medidas afirmativas fossem os racistas da história”, exemplifica a autora.

O último grupo formulado pela psicóloga chama-se “Admissão do próprio racismo”. Nele, estão contidas as únicas 2 falas nas quais foi assumida a existência do racismo. Segundo Sylvia, é nessa admissão que está a melhor maneira de lutar contra o preconceito sutil. “Quando admitimos e reconhecemos o quanto somos sim racistas, temos mais elementos para decidir, e para refletir sobre nós mesmos. Falar do assunto, mexer com o assunto, expor o tema e perceber o racismo é bom, e nos faz militantes de nós mesmos quando nos deparamos com qualquer situação de discriminação”, conclui a autora.


Fonte: Agência USP >