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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Ministro Gilberto Carvalho compara violência em São Paulo à Faixa de Gaza

Por: Da Redação do Portugal Digital, com Agência Brasil 21/11/2012 Brasília - O ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, comparou hoje (20) o número de mortos na onda de violência vivida em São Paulo, ao do conflito entre israelenses e palestinos, na Faixa de Gaza. Carvalho observou ainda que "finalmente" houve aceitação, por parte do governo de São Paulo, de parceria com o governo federal para combater a criminalidade no estado. Ele reconheceu ainda que o problema não é de fácil solução e depende de um trabalho conjunto entre as duas esferas de governo. "Estava vendo ontem que estamos alarmados com os mortos na Palestina, mas as estatísticas mostram que em apenas um dia na Grande São Paulo você tem mais gente assassinada do que num ataque desses. Então, a gente tem que ter consciência disso, reconhecer e trabalhar", disse após participar da instalação da Comissão Nacional da Política de Agroecologia e Produção Orgânica. Segundo o ministro, é preciso ter humildade para reconhecer a complexidade da questão."A gente nunca deve vender ilusões. Os problemas se desenvolvem durante longo tempo e criam tal raiz que depois o combate a essas raízes nunca se dá de forma tão rápida e abrupta como a gente sonharia", observou. Nos últimos dias várias pessoas foram baleadas e assassinadas em São Paulo. A onda de violência levou os governos do estado e o federal a firmarem parceria para o combate ao crime organizado. "O passo que quero saudar é que finalmente houve aceitação por parte do governo de São Paulo dessa parceria com o governo federal. Acho que todos temos a ganhar com isso, particularmente a população de São Paulo", completou. Fonte: PORTUGAL DIGITAL

terça-feira, 13 de novembro de 2012

(ARTIGO) No mundo das ilusões da velha mídia

Imaginemos alguém que só lesse, escutasse ou visse a velha mídia. Que visão teria do Brasil e do mundo? Em primeiro lugar, não poderia entender por que um governo – corrupto, incompetente, com a economia à deriva, nomeando ministros como troca-troca eleitoral, que cobra muitos impostos, que está atrasado na entrega de todos as obras, do PAC, do Mundial e das Olimpíadas, que tem politica exterior aventureira, etc., etc. – tem 75% de apoio do povo. Não entenderia como um líder como o Lula – que tem 80% de referências negativas na mídia – consegue que 69,8% dos brasileiros queiram que ele volte a ser o presidente do Brasil em 2014. Não poderiam entender como o PT – partido corrupto, protagonista do maior escândalo da historia do Brasil – sai fortalecido das eleições municipais, eleja mais prefeitos e mais vereadores e ameace tirar dos tucanos a prefeitura mais importante do Brasil, a de São Paulo – tão bem administrada pela competência dos tucanos. Não saberiam por que a economia brasileira não naufraga, se leem todos os dias que tudo vai mal, que o governo faz tudo errado, que a economia não cresce. Por que o governo continua a estender as políticas sociais, sem os recursos que a economia deveria lhe dar. Não entende por que o FHC dá seu apoio e participa da campanha do candidato tucano no Rio – junto com o Aécio e o Álvaro Dias -, mas o candidato tem apenas 2,47% dos votos. Como os tucanos e o DEM perderam 332 prefeituras, sendo os mais preparados para governar. Leem numa revista semanal que a Argentina é “governada por autoridades cada vez mais repressoras”, que “bloqueiam as liberdades individuais, como o acesso à livre informação, a bens de consumo e ao capital”. Que o governo “já tem o controle autoritário de 80% (sic) dos canais de radio e tv do país”. Que “na ilha de Cristina, os cidadãos só leem o que ela quer”. Que as grifes “Escada, Armani e Yves Saint-Laurent fecharam suas lojas no país”, assim como a Vuitton e a Cartier. Que a “Avenida Alvear está com ares de fim de feira”. Que “na ilha de Cristina os investidores são tratados como piratas”. E, no entanto, a Cristina é reeleita no primeira turno. Como entender isso, vendo a velha mídia? Como entender que a Venezuela está se desfazendo, entre a ineficiência da sua economia, a corrupção e a violência, mas o Hugo Chavez é reeleito para um quarto mandato? Que a América Latina vai bem enquanto os EUA e a Europa vão mal? Tudo parece de cabeça pra baixo, o mundo parece absurdo, incompreensível, para quem depende da velha mídia, dos seus jornais, das suas revistas, dos rádios e da suas TVs.

sábado, 12 de maio de 2012

Alunos de escolas públicas dominam premiação sobre história afro-brasileira

Por: Isabela Vieira 08/05/2012 Todos os nove vencedores do Concurso de Redação Camélia da Liberdade são de escolas públicas ou de pré-vestibulares sociais. Com o tema Luiza Mahin: uma Rainha Africana no Brasil, foram inscritos trabalhos de 372 instituições de ensino do Rio e de São Paulo. Os melhores textos serão premiados hoje (2) em eventos paralelos. Serão distribuídos aos alunos vencedores e seus professores tablets (computadores em forma de prancheta) e máquinas fotográficas digitais. Além disso, as escolas que tiraram primeiro lugar, incluindo os cursos pré-vestibulares, receberão laboratórios de informática. Organizado pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, o objetivo da competição, na quinta edição no Rio e na quarta, em São Paulo, é estimular a aplicação da Lei 10.639. Aprovada em 2003, a legislação tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira em todas as escolas brasileiras até o ensino médio. O representante do Ceap, Ivanir dos Santos, explica que as escolas são responsáveis pelas inscrições dos alunos no concurso. "[As escolas] Recebem um caderno com informações históricas preparadas por especialistas sobre o tema - neste caso Luiza Mahin, mãe de Luiz Gama e responsável pela Revolta dos Malês, na Bahia - e desenvolvem o tema", disse. Ao comentar o resultado do concurso, ele reforçou o convite à participação de escolas particulares. Nos últimos anos, o percentual de inscrições desses colégios é baixo, segundo Ivanir, porque ainda há resistência das escolas privadas à aplicação do conteúdo da Lei 10.639. "No conjunto geral há mais resistência nas escolas privadas. Nas escolas públicas também há, mas lá vemos mais professores que se capacitaram e que aplicam a lei, independente, muitas vezes, até das posturas das Secretaria de Educação", declarou o organizador do prêmio. O tema do próximo concurso será Pequena África. Localizada na zona portuária, no Rio, a região é símbolo do desembarque no Brasil de africanos escravizados. Também é conhecida como "berço do samba" e pela comunidade quilombola Pedra do Sal. Edição: Fábio Massalli

"O professor precisa estar atento às diferentes camadas do contexto social." Entrevista com o Prof. Richard Milner (EUA)

Por: Sonia Dias 11/05/2012 Por ser uma sociedade formada por imigrantes, muitas pessoas consideram os Estados Unidos um melting pot, um caldeirão onde diferentes culturas se misturam. Apesar disso, a convivência entre os diferentes nem sempre foi pacífica. Exemplo disso é o movimento pelos direitos civis que nos anos 60 conseguiu reverter leis segregacionistas, como a que não permitia que negros e brancos sentassem lado a lado no ônibus ou que crianças negras e brancas frequentassem a mesma escola. Ultimamente, o grande contingente de imigrantes latinos e asiáticos veio reforçar a diversidade já existente na sociedade americana. O Census Bureau(órgão comparável ao IBGE brasileiro) prevê que em 2100 cerca de 40% da população americana será formada por não brancos, ou seja, latinos, afro-americanos, asiáticos e outros grupos multirraciais, muitos deles tendo como problema adicional a falta de domínio da língua inglesa. Incorporar esses grupos à escola tem sido um grande desafio. O professor H. Richard Milner IV trabalha com a formação de educadores, preparando-os para lidar com a diversidade nas escolas, além de coordenar o Programa de Pós-graduação em Aprendizagem, Diversidade e Estudos Urbanos, do Peabody College, na Vanderbilt University, em Nashville, Tennessee. O prof. Milner também é autor do livro Start Where You Are, but Don’t Stay There: Understanding Diversity, Opportunity Gaps, and Teaching in Today’s Classrooms (não lançado no Brasil). O título vem de um ditado africano e quer dizer: Comece onde você está, mas não fique aí, e resume bem a sua abordagem determinada, mas otimista: é preciso reconhecer os desafios e avançar, sempre. Em entrevista concedida ao Portal Cenpec durante o intervalo entre uma visita, o atendimento aos alunos e suas aulas, ele fala sobre as diferenças de desempenho e oportunidades entre os estudantes, a importância do relacionamento entre professores e alunos e a dificuldade de alguns docentes em reconhecer as diferenças, sociais, raciais, culturais entre os alunos e a meritocracia. Portal Cenpec: Ao falar em diversidade em educação, o senhor costuma falar sobre diferenças de oportunidade. Como elas podem ser definidas? Richard Milner: Para mim, diferenças de oportunidade são aquelas disparidades relacionadas ao acesso que os estudantes podem ter ou não. Assim, em comunidades abastadas e homogêneas (afluentes), onde dinheiro pode não ser um problema, podemos encontrar estudantes que não têm oportunidade de se envolver em questões ligadas à diversidade de raça, por exemplo. Ao mesmo tempo, estudantes de escolas de áreas pobres podem não ser estimulados a se dedicar aos estudos, a lidar com um currículo mais rigoroso ou não contar com os recursos tecnológicos que escolas de bairros abastados podem ter. As pesquisas que tenho realizado mostram que as oportunidades disponíveis impactam e moldam o que acontece com esses estudantes não apenas na escola, mas também fora dela. Como esses estudantes não têm as mesmas oportunidades e recursos não é justo que se espere que eles desenvolvam os mesmos resultados. Quando se fala nas avaliações, estamos focando nos resultados ou no desempenho, mas devemos focar mais nas disparidades de oportunidades existentes entre os estudantes em sala de aula, e isso nos níveis micro (sala de aula), macro (políticas educacionais) e meso, ou seja, como os distritos educacionais estão implementando as políticas que moldam o que acontece com as crianças em sala de aula. Portal Cenpec: E qual o papel do professor em relação ao aprendizado em sala de aula? Richard Milner: Eu acredito que o professor é muito importante. Nunca é demais dizer o quanto um professor pode fazer a diferença na vida das crianças. Ao mesmo tempo, não podemos descontar a realidade fora da escola: a pobreza, o envolvimento da família, o desemprego, a criminalidade, etc. Acho que nos Estados Unidos nós culpamos os professores por tudo. Esperamos que os professores façam tudo e sejam tudo para nossas crianças. Mas a realidade é que muitos estudantes estão envolvidos com circunstâncias complexas fora da escola, o que pode dificultar a aproximação entre professor e aluno. Ao mesmo tempo, temos excelentes exemplos de professores que se relacionam bem com os alunos e conseguem envolvê-los nas aulas. Então, não sou do tipo que concorda com aqueles que acham que o professor pode fazer tudo, que ele ou ela é um super-homem ou super-mulher, mas precisamos ter em mente que os professores têm um papel fundamental quando consideramos as oportunidades educacionais das crianças e que eles precisam ter uma formação melhor – muito melhor do que a que eles tem tido atualmente. Portal Cenpec: No seu livro o senhor apresenta uma estrutura explicativa sobre o trabalho com diversidade. O senhor poderia falar um pouco sobre isso? Richard Milner: Procuro apresentar um resumo das várias situações em que os professores podem enfrentar a questão da diversidade e diferenças de oportunidade. Também apresento uma proposta de estrutura sobre alguns padrões dos professores em relação à diversidade que ajuda a entender os casos apresentados no livro. A primeira parte da estrutura é a importância do professor não negar a existência de diferentes raças/cores (color blindness). Os professores precisam ser encorajados a entender que raça faz diferença. Por exemplo, quando consideramos o número de alunos que são suspensos, expulsos ou enviados para a educação especial, vemos que há um exagero no número de meninos afroamericanos e latinos. Penso que o professor precisa estar atento se a sua perspectiva de ação realmente não enxerga as diferenças raciais. Quando um professor diz “eu não vejo cor, eu não vejo raça, vejo apenas alunos”, isso não é verdade. A realidade é que vemos raça e cor, mesmo sem racionalizar sobre isso. A segunda parte da estrutura é o reconhecimento dos conflitos culturais por parte dos professores. Costumes, preferências, valores e crenças pessoais – tudo isso tem a ver com nossa cultura e se expressa quando falo com um aluno afroamericano, latino, asiático, branco, pobre, rico ou de um determinado grupo cultural. É dinâmico. O professor precisa estar atento ao aluno ou aluna que está em sua sala de aula para que caso esses conflitos apareçam ele saiba como reagir e negociar com eles. Deve-se considerar que os conflitos culturais podem se tornar oportunidades de aprendizagem. A terceira parte da estrutura aborda o mito da meritocracia e a crença geral de que a conquista de determinados objetivos na vida se dá apenas por causa do mérito ou esforço pessoal. No meu entendimento, fatos para além do trabalho duro e aptidão contribuem para o sucesso das pessoas na sociedade e das crianças na escola. Muitas vezes o professor diz “eu tenho que ser durão com esses alunos que não estão indo bem, porque se eles não estão indo bem é porque não estão se esforçando o bastante”. Mas, honestamente, a maioria de nós só conseguiu ter algum sucesso na sociedade, na escola, no trabalho, porque existiram pessoas que nos deram uma chance ou nos ajudaram. Muitos do que estão em posição de sucesso hoje o fizeram porque receberam muitas possibilidades para alcançá-lo, seja por herança familiar ou acessos a determinadas oportunidades, como boa educação. Por isso, acredito que os professores precisam entender que fatores além do mérito influenciam no sucesso que a pessoa tem na sociedade. A quarta parte trata de reverter a baixa expectativa baseada em padrões mentais de fracasso. Alguns professores acreditam que determinadas populações de estudantes não vão conseguir ter sucesso nos estudos. Mas o mais forte indicador do desempenho acadêmico na escola é a existência de um currículo rigoroso, o nos que leva à expectativa do professor! Alguns professores acabam deixando o currículo de lado e não ensinam os estudantes com rigor. Isso prejudica os alunos e seu o sucesso escolar (e social) pode diminuir por causa disso. Por isso, temos que ajudar o professor a entender que toda criança pode aprender, e que não é porque um aluno não conseguiu ir bem em uma determinada matéria no passado ou porque ele faz parte de uma determinada população, gênero, grupo, raça ou etnia, isso não quer dizer que devemos parar de fazer todo esforço necessário para que essa criança aprenda. O quinto componente da estrutura é a importância do entendimento do contexto social. Algumas pessoas acreditam que para ser um bom professor é preciso apenas conhecer o seu conteúdo, como saber tudo sobre Geografia, Geometria ou Alfabetização. A meu ver e considerando a diversidade dos estudantes, o professor precisa estar atento às diferentes camadas do contexto social. Isto é, considerar que se está dando aula de Matemática ou História em um lugar especifico, para um grupo específico de alunos, com uma história específica – fatores que impactam a estrutura social e cultural e a perspectiva dos alunos em relação às suas experiências. Por isso acredito que entender o contexto social também é parte do trabalho do professor. Portal Cenpec: O senhor costuma citar a necessidade de se destacar as potencialidades dos alunos e a importância de relacionamento entre alunos e professores. Poderia falar um pouco sobre isso? Richard Milner: Eu acredito que o caminho do professor altamente bem-sucedido se baseia em duas coisas: primeiro, atitude mental importa. A maneira como ele pensa, suas estratégias, suas crenças sobre seus estudantes, seu material, importa muito. A ideia é que o copo está meio cheio e também meio vazio. A segunda coisa: relacionamento importa. Desenvolver um relacionamento positivo com estudantes é crítico para ser um bom professor. Tenho encontrado evidencias de que não é possível ser um bom professor de conteúdo sem conhecer os alunos. Pesquisas sugerem que alguns alunos não vão nem permitir serem ensinados por um professor a não ser que eles percebam que esse professor se sente confortável com eles e se preocupa com eles para além do que acontece em sala de aula. Da mesma forma, acredito que é fundamental que o professor entenda a situação atual do aluno e reconheça seu potencial. Portal Cenpec: Em estudo realizado pelo Cenpec em São Paulo pesquisadores encontraram evidências que a segregação e o isolamento espacial também geram isolamento social e cultural. O senhor acredita que isso também acontece nos Estados Unidos? Richard Milner: Ultimamente temos visto muitas escolas que estão se re-segregando nos Estados Unidos. Alguns argumentam que as escolas estão muito mais segregadas agora do que no período da segregação racial. Isso quer dizer que temos estudantes que tendem a ir a escolas e a encontrar apenas estudantes que parecem com eles mesmos. Há exceções, mas nesse caso não pode se falar em diversidade racial. Essa re-segregação significa que devemos ter uma grande concentração de grupos específicos de estudantes, o que pode dificultar o encontro e a convivência com crianças e uma perspectiva interétnica. Ao mesmo tempo, sabemos que estão em curso algumas políticas que procuram não generalizar e ajudar populações de estudantes com desempenho abaixo do esperado. Fonte: Correio Nagô

domingo, 26 de fevereiro de 2012


Pelo menos cinco crianças morrem de fome por minuto, diz ONG

Por: Renata Giraldi, da Agência Brasil
24/02/2012

Relatório adverte que cerca de 500 milhões de crianças correm risco de sequelas permanentes no organismo nos próximos 15 anos

A organização não governamental (ONG) Salvem as Crianças divulgou hoje (16) relatório informando que a cada minuto morrem cinco crianças no mundo em decorrência da desnutrição crônica. O documento adverte que cerca de 500 milhões de crianças correm risco de sequelas permanentes no organismo nos próximos 15 anos.

De acordo com a ONG, a morte de 2 milhões de crianças por ano poderia ser prevenida se a desnutrição fosse combatida. O documento informa ainda que embora a fome tenha sido reduzida nas últimas duas décadas, pelo menos seis países são mais afetados – cinco estão na África e o sexto é a Coreia do Norte.

Pelos dados da organização, os países africanos - Congo, Burundi, Comores, Suazilândia e Costa do Marfim - têm os piores dados referentes à fome no mundo desde 1990. Situação oposta ocorre no Kwait, na Turquia, Malásia e no México, que conseguiram avançar e registrar melhorias. Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa.

Fonte: Exame

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

“É preciso mais negros na universidade para ampliar seu espaço social”, diz professora da PUC-SP


Por: Jornal Opção
01/02/2012

Em entrevista ao jornal Opção, a psicólogo e escritora Fúlvia Rosemberg fala sobre seu foco de atuação na implementação de ações afirmativas

Fúlvia Rosemberg é uma das maiores autoridades do País nos estudos sobre ações afirmativas e educação infantil. Pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas (FCC) e professora titular em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ela também é coordenadora do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford no Brasil. É dessa última atividade que ela fala com prazer em um dos trechos desta entrevista, ao citar o exemplo de Maria das Dores Oliveira Pankararu, que se tornou a primeira indígena brasileira a concluir um doutorado.

Está no âmbito das ações afirmativas o maior foco de atuação da professora, que iniciou seu trabalho voltado para questões da infância e da literatura infanto-juvenil — é uma crítica do sexismo nas obras do gênero e não poupa o trabalho de Monteiro Lobato. “Expressões como ‘macaca’, que ele usava nos textos para se referir a Tia Nastácia, por exemplo, não seriam jamais aceitas hoje em dia.”

A professora rechaça o entendimento do termo “cotas” para a discussão das medidas tomadas para inserção de excluídos em diversos âmbitos da sociedade, como a universidade. Corrigindo o rumo dos questionamentos, introduz a expressão “ações afirmativas”, que engloba um conjunto de mecanismos, inclusive o das próprias cotas raciais — a pesquisadora considera que cotas sociais (por renda) não são suficientes em uma sociedade como a brasileira em que, argumenta, o racismo é “institucional”. Fúlvia Rosemberg concedeu entrevista ao Jornal Opção logo após participar de mesa-redonda no 2º Simpósio de Ciências Sociais promovido pela Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da Universidade Federal de Goiás.

Déborah Gouthier — Até que ponto as cotas são essenciais para o acesso ao ensino superior?

Em alguns setores da vida social brasileira e para alguns segmentos sociais, políticas de ação afirmativa são importantes e necessárias. Essas políticas não são sinônimo de cotas, que são apenas uma das estratégias possíveis de ações afirmativas, mas infelizmente a polarização desse debate no Brasil, especialmente na segunda metade da última década, só se referiu a cotas. Como podemos enxergar quais segmentos sociais devem ter essa política para acesso e permanência no ensino superior? A primeira coisa é que há um desejo expresso por certos setores da sociedade de maior democracia nesse acesso, porque nosso processo de seleção para ingresso no ensino superior não é apenas baseado no mérito. É muito interessante olhar a história do vestibular e analisar sua mecânica. Se a seleção fosse unicamente baseada no mérito, por que as notas de corte variam tanto de curso para curso e de universidade para universidade? Quem faz variar essas notas de corte? O mercado da concorrência, da demanda e da oferta. Em seus primórdios, o vestibular foi introduzido no Brasil para acabar com o nepotismo, porque antes o acesso tinha prova oral. E não há nada que possa atrapalhar mais um processo seletivo do que prova oral, já que há apenas uma escuta de alguém. Esse processo seletivo, portanto, precisava de uma chacoalhada. E uma parte importante dessa chacoalhada veio por meio da reivindicação do movimento negro. O acesso de negros ao ensino superior era e ainda é, de fato, muito reduzido. Nossa pirâmide educacional é uma para brancos e outra para negros, não só em termos de estatísticas gerais, mas também de estatísticas por cursos e por universidades. As melhores universidades brasileiras tinham um acesso muito reduzido de negros — nem vou falar de indígenas, então — e de pessoas egressas do ensino médio na rede pública. Toda vez que eu ia ao exterior e contava sobre a loucura que é a lógica do sistema educacional brasileiro, em termos de privilégios a certos segmentos sociais, as pessoas ficavam realmente muito impressionadas. No Brasil, setores da classe média pagam escola privada até o final do ensino secundário e dão garantia quase total a seus filhos de entrarem em instituições que, em outros países, são caríssimas, mesmo as públicas. Para a gente, o ensino superior público é praticamente gratuito. Há uma reversão da lógica democrática. Dessa forma, alterações nesse acesso eram necessárias e elas vieram de várias formas. A política de cotas é uma delas. Houve também o ProUni [programa de bolsas do governo federal para estudantes de universidades privadas], uma estratégia que podemos considerar de ação afirmativa, apesar de alguns considerarem que é só um ajuste de imposto [incentivo fiscal], mas que abriu possibilidade para certos segmentos entrarem na universidade particular. Na universidade pública temos, majoritariamente, o sistema de cotas, que ampliou o acesso em um setor da vida social em que este era restrito e era preciso fazer uma mudança rápida. Isso é ação afirmativa: uma correção de desigualdade em setores cujo ingresso teria sido meritocrático e há poucas vagas disponíveis. É importante ressaltar que, antes da questão das cotas raciais, houve uma política para as mulheres em certos âmbitos e ninguém brigou por causa disso. Quando, por exemplo, houve a obrigatoriedade de cotas para o sexo feminino no total de candidaturas dos partidos políticos todo mundo louvou a medida. Por outro lado, quando houve a discussão das cotas para o ensino superior, houve muito estrilo por parte das elites nacionais, por ser um nicho que estas defendem com unhas e dentes. De um modo geral, eu acho que a questão das cotas nas universidades sempre foi um debate mal colocado para a sociedade.

Cezar Santos — Não há um desvio de foco na questão das cotas? Parece-me que o problema é muito mais em relação ao aluno pobre do que em relação ao aluno negro ou indígena.
Déborah Gouthier — Não seria mais necessária uma cota social do que racial?

Vocês se referem à cota econômica, por condição da família da pessoa. Os estudos que têm sido feito, por nós e outras pessoas desde os anos 1970, têm mostrado que a condição econômica não é a única explicação para a desigualdade que observamos no Brasil entre brancos e negros, entendendo-se, por favor, “negros” como “pretos e pardos”. Uma questão muito importante: negro, na minha boca, não é sinônimo de preto.

Cezar Santos — Se no registro de nascimento do pai de um aluno consta “pardo”, esse aluno, então, poderia solicitar uma inscrição ao vestibular pela cota?

Se ele quisesse, sim. O regime para disputar uma vaga por cotas, no Brasil, leva em conta a autodeclaração.

Déborah Gouthier — O que fica mais relativo ainda, não?

Sim. Tudo é relativo. Mas quem disse que tem de ser não relativo? Se neste País até o Imposto de Renda, para o qual há tanta documentação para comprovar, por que esses argumentos afloram assim, nessa questão das cotas? O que é importante, e muito importante (enfática), é colocar muito jovem negro na universidade para ampliar sua visibilidade em espaços sociais, fazendo justiça e tornando-os modelos para as crianças e adolescentes que estão vindo por aí. Ação afirmativa não é uma política para o resto da vida, mas para reverter a lógica do mercado na seleção de candidatos a determinadas posições na sociedade para as quais se tem um reduzido número de vagas, em que a relação oferta–procura é orientada por processos discriminatórios. Achar que a gente vai fazer ação afirmativa para todo o ensino fundamental, por exemplo, é um equívoco, na minha perspectiva, na conceituação de ação afirmativa. É importante, se a universidade é democrática e se o País tem um projeto político de ampliação de competências e acha que essas competências estavam submersas em um processo de seleção antidemocrático — como considero o vestibular — e que há recursos suficientemente fortes para abrir o ensino a ser menos elitista, o País está desenvolvendo esse tipo de política. Poderia se dizer também que as mulheres não precisariam de cotas para representação nos partidos políticos, mas é preciso analisar cada condição. Na questão do ensino superior, nenhuma das universidades que estabeleceu política de ação afirmativa, inclusive via cota, tirou a dimensão do mérito, todas continuam fazendo análise de mérito, mas em um segundo momento. Primeiro, equaliza-se as oportunidades e faço uma justiça de grupo; e, depois, naquele grupo, escolhem-se os melhores. Assim, vão se comparar iguais entre iguais. O que ocorria antes era que se comparavam desiguais.

Cezar Santos — É a questão do mérito individual?

É exatamente isso: a lógica da ação afirmativa é que, em uma primeira fase, haja uma seleção de grupo. Têm-se mais oportunidades porque se pertence àquele grupo, com os requisitos daquele processo seletivo. Ninguém está colocando um negro ou um indígena que não tenha terminado o ensino médio. Esse negro ou indígena já tem um enorme merecimento por ter concluído esse processo. Se ele negro responde aos requisitos legais que são dispostos — como no caso da mulher que é candidata a uma cota política —, a partir desse momento a disputa será pelo mérito. Ou seja, depois de haver a equalização de oportunidades entre os grupos.

Cezar Santos — Há pouco mais de um ano, tive a oportunidade de entrevistar professores da UEG sobre a questão das cotas. Eles foram unânimes em afirmar que os cotistas tinham as piores notas.

É preciso observar os estudos que são feitos nas universidades e não se basear em opiniões pessoais. Na última reunião da Anpocs [Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais], foram apresentadas algumas pesquisas. Na Universidade Federal da Bahia, os resultados são bem outros em relação ao que esses professores da universidade goiana disseram. São avaliações e análises que não se baseiam em achismos. Digo isso até mesmo a partir do programa de ação afirmativa que coordeno e que já concedeu 343 bolsas de mestrado e doutorado, preferencialmente para negros e indígenas nascidos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil — há programas que são baseados em território, como a França já fez e a Capes [Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior, órgão do Ministério da Educação que cuida da pesquisa brasileira e da expansão de mestrados e doutorados no País] já faz no Brasil, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. É um programa internacional que, com o acompanhamento que fazemos, tem uma taxa de sucesso igual ou até melhor do que a da Capes, em relação à desistência, ao tempo médio de titulação em mestrado e doutorado etc. Temos entre os ex-bolsistas a primeira mulher indígena doutora e a segunda pessoa indígena doutora do Brasil. Não se pode imaginar a importância para as meninas e adolescentes indígenas de ver no “Jornal Nacional” a defesa de tese dessa indígena, chamada Maria das Dores Oliveira Pankararu. Aliás, uma tese de doutorado fundamental para quem faz crítica ao sistema de ação afirmativa. Ela fez a recuperação linguística de uma língua que tem 12 falantes para produzir material didático para as crianças nas escolas indígenas poderem dar continuidade a essa língua. Que patrimônio cultural fantástico é a manutenção de uma língua! (enfática)

Roberto Cunha Alves Lima — Na UFG, os estudos mostram que as notas entre cotistas e não cotistas são absolutamente iguais e em muitos cursos os cotistas têm até notas superiores.

O que é preciso observar é que há realmente um risco de pior aproveitamento se não há nenhuma estratégia de manutenção do aluno na universidade, já que os cotistas vêm de grupos socioeconômicos mais pobres, de localidades com menor provisão de transporte público de boa qualidade, de regiões com menor acesso a bibliotecas e de família com menos recursos para ampará-los. Entre as pessoas que chegam por meio de ações afirmativas, há muitas que tiveram origem de sua formação nos movimentos sociais e que são um desafio para a universidade, por conta de suas experiências de vida e do olhar que têm para as questões sociais e políticas. Portanto, quando falo de diversidade por meio de programas de ação afirmativa não é de cor de pele que eu falo, mas de uma diversidade de experiência de vida que traz novidades para a universidade. É muito fácil ser competente entre quatro paredes, sem desafios. Mas a minha competência aumenta consideravelmente se eu balanço os conhecimentos estabelecidos. Desse modo, uma das experiências fortíssimas que tivemos nesse programa que coordeno foi observar como essas pessoas que não tinham assento na pós-graduação brasileira passaram a ter esse assento e trouxeram problemas a ser resolvidos por professores e alunos. Na primeira fase do programa, escolhemos as pessoas que, pela lógica do mercado brasileiro, teriam a menor probabilidade de entrar em uma pós-graduação. Do ponto de vista do mérito, depois de equalizar o grupo, esquecemos que são negros e indígenas. A partir desse grupo, se escolhem as melhores pessoas com maior mérito acadêmico, o mesmo processo do vestibular brasileiro que ocorre por cota. No nosso caso, além da nota pelo projeto, é também ter uma proposta de pesquisa socialmente relevante, como ocorreu com a indígena Maria das Dores.

Cezar Santos — Como profissional da educação, a sra. não acha que exista uma ênfase demasiada no ensino superior? Nos Estados Unidos e em outros países, o ensino técnico é bastante valorizado e a pessoa se realiza profissionalmente com isso.

Vejo dessa forma também. Isso não ocorre só em relação a cursos técnicos. A pirâmide educacional brasileira continua muito distorcida. Apenas 18% das crianças de 0 a 3 anos têm acesso à creche. É a etapa da vida em que há menos acesso ao sistema de ensino, em termos do curso normal de aprendizado. Se fosse eu, Fúlvia, quem pudesse decidir sobre as prioridades na educação, eu daria toda a ênfase nas crianças pequenas. Há muitas distorções no sistema de ensino brasileiro. Por exemplo: tenho certeza de que, se no Brasil o ensino superior tivesse maior presença proporcional de brancos, classe média e classe alta e moradores do Sul e do Sudeste, o ensino técnico valeria menos ainda. Somos uma sociedade tão hierarquizada que iríamos hierarquizar quem tem ensino superior em relação a quem tem ensino técnico, deixando de valorizar estes. Por que há, então, esse temor às cotas? É possível explicar pelo fato de que antigamente, quando se selecionava quem havia concluído o ensino superior, isso não se dava apenas pelo que essa pessoa havia aprendido, por suas competências. Isso indicava também de que família ela vinha, quais eram suas origens, suas aprendizagens, se ela tinha feito intercâmbio ou não. O acesso não era só o conhecimento. Com essa “mistura” maior no ensino superior no Brasil, talvez isso mude um pouco. E talvez seja isso uma das razões de a escola brasileira estar tão atrapalhada, simplesmente por não saber lidar com isso.

Cezar Santos — Como está a questão da presença do aluno oriundo de escola pública na universidade pública? Ele continua sendo exceção nesse espaço e tendo de ocupar vagas nas instituições particulares?

O que se observa em várias regiões do País é que houve a abertura a galope de instituições de ensino superior privadas de baixa qualidade e para as quais vão pessoas com menos recursos. No programa de pós-graduação que coordeno, queríamos dar muitas bolsas de estudo para advogados negros e indígenas, mas isso era muito complicado, porque sua formação básica geralmente tinha sido muito ruim nessas universidades particulares de beira de estrada.

Cezar Santos — É então um problema racial e não social?

Há um grupo de pesquisadores e ativistas que considera que não há problema racial no Brasil e que tudo se resolve com a questão da diminuição das desigualdades econômicas. Há outro grupo de pesquisadores, estudiosos, militantes e políticos que considera que, em decorrência do passado escravista e das políticas iniciais de inclusão dos negros na ordem republicana, a condição socioeconômica não explica tudo e que há um racismo estrutural no Brasil que não precisa necessariamente se manifestar no preconceito racial. Ou seja, a sociedade brasileira é organizada, em sua dinâmica, para sustentar e produzir racismo. Não digo que não haja uma dimensão econômica, mas vamos pegar um fato do âmbito da educação: quando ocorreu a proclamação da República, houve uma interdição ao voto do analfabeto. Quando o analfabeto pôde votar no Brasil? Só na década de 1980, antes da nova Constituição de 88. Até a República, quem era analfabeto? A massa negra quase que por completo, porque havia uma proibição de alfabetização de escravos, que, no fundo, era a impossibilidade de alfabetizar negros. Portanto, a lei que proibiu o voto do analfabeto só não era racista na aparência. Foram 90 anos de interdição de uma massa da população a ter acesso a se expressar politicamente. Nessa massa, de analfabetos, vamos ter fundamentalmente negros. Toda vez que analiso dados, encontro, sempre, um diferencial entre brancos e negros que vai além da questão de diferença de renda. Como outros pesquisadores, atribuo esse diferencial, entre pessoas com a mesma renda familiar, da mesma região, com a mesma idade, às diferenças de raça. Quando falamos de racismo, isso não é relativo exclusivamente ao preconceito racial, mas de um racismo institucional; e não de um racismo só de hoje, mas também de um racismo que se instaurou historicamente e que está sendo sustentado, porque há poucas políticas, de fato, para combater o racismo.

Cezar Santos — Como explicar o fato de que um negro, Machado de Assis, seja considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos e o fundador da Academia Brasileira de Letras?

Existe a teoria dos alpinistas sociais, aqueles que conseguem furar barreiras, aqueles que rompem obstáculos, pessoas brilhantes, são gênios. Mas isso não significa que não haja racismo no Brasil.

Cezar Santos — Mas, então, não cairíamos na questão do mérito pessoal?

De forma alguma. Pergunto a você: quantos Pelés brancos existem no Brasil? As crianças jogavam futebol onde queriam no Brasil e pôde aparecer um Pelé. O que queremos, com a questão das ações afirmativas, é que haja Pelés no plano intelectual, acadêmico e político. Outro exemplo, em relação à questão que você mesmo citou: hoje temos uma presidenta da República no poder. A condição de vida das mulheres se resolveu neste País por causa disso? Pense se uma mulher tem condições de sair sozinha à meia-noite em um bairro de classe média, como é o meu em São Paulo. Eu não saio. É a mesma lógica em relação a Machado de Assis, há algumas circunstâncias muito especiais que favorecem um fato. Outro caso a citar é o do ex-presidente Lula, que tem um passado de família pobre, retirante nordestino, operário. Por causa dele podemos dizer que não há miséria no País e que todos os pobres conseguiriam ser presidente da República? Não. Então, por que para a questão do negro sempre há esse exemplo e para outras categorias sociais isso não acontece?

Déborah Gouthier — A sra. aconselharia as crianças a ler Monteiro Lobato?

Não é uma questão de aconselhar ou não. A questão é: a escola brasileira pública, que usa recursos do Programa Nacional do Livro Didático, pode comprar e distribuir qualquer coisa? Para meus filhos eu dou o que eu quero e não quero ninguém dizendo o que quero dar ou não. Reorientando a pergunta de acordo com o debate que aconteceu, eu diria: o governo brasileiro, que compra e distribui livros gratuitamente com nosso dinheiro, pode comprar e distribuir nas escolas qualquer tipo de literatura sem nenhum controle social? No caso do livro de Monteiro Lobato [“Caçadas de Pedrinho”, que causou polêmica recentemente por considerarem que continha termos racistas], o que houve foi o controle social de um pai negro, cuja questão foi posta ao Conselho Nacional de Educação, que, por sua vez, deu uma resposta interessantíssima e que já estava sendo dada em outras áreas, como a do meio ambiente: continue-se a distribuir o livro, mas com um comentário, que eu já havia sugerido, de forma muito mais radical, quando fazia pesquisas sobre livros didáticos e questões racistas e sexistas — que aquelas expressões de Monteiro Lobato tinham sido escritas em outro tempo histórico e que hoje elas podem ser consideradas racistas.

Cezar Santos — Um comentário que contextualiza o livro.

Exatamente. E um comentário que ajuda a discutir a obra, mas sobre o qual a mídia caiu em cima, como se houvesse uma censura à obra.

Cezar Santos — Mas, então, a sra. daria um livro de Lobato a seus filhos?

Sim, eu dei a eles o que eles quiseram ler. Não tive nenhum problema com relação a isso. Fiz análise de Monteiro Lobato, meu começo de trabalho de pesquisa foi sobre literatura infanto-juvenil e livros didáticos. Se olharmos bem as expressões dos livros dele — falo das obras, não dele —, vemos que ele chama, por exemplo, Tia Nastácia de “macaca”. Quer dizer, é uma figura característica da época dele, mas que hoje não se aceita mais. Quando comecei a fazer pesquisa sobre isso, verifiquei o sexismo nos livros brasileiros, algo que vai de mãos dadas com o racismo. Basta olhar para trás como se aprendia na escola. Se eu fosse do governo brasileiro, poria, na contracapa do livro didático — como se coloca hoje nas carteiras de cigarro, junto àquelas fotos chocantes, a expressão “Este produto faz mal à saúde” — algo como “Atenção professores, famílias e leitores: este material pode conter informações ou deformações da vida social e política”. Fiz essa sugestão há 20, 30 anos, porque é um fato! (enfática) Naquela época, vocês não imaginam como pintavam a sexualidade, por exemplo, nos livros das editoras católicas. Em um livro desses, uma moça adolescente saiu com um rapaz, transou, ficou grávida e o rapaz não a quis. O que ela fez? Suicidou-se. Eu chamei isso de “pedagogia do terror”. Então, não é porque é o Monteiro Lobato ou é isso ou aquilo que se está acima do bem e do mal. A literatura didática, transmitida na escola, é um pouco defasada em relação aos tempos sociais das crianças. Mas Lobato é imexível para determinadas pessoas no Brasil, como possivelmente Machado de Assis.

Cezar Santos — O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não é uma formulação avançada demais para a realidade brasileira? O que fica como questionamento é que parece que o País não tem estrutura para atendê-lo.

Não sou defensora irrestrita do ECA nem da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, mas não pelas razões que são colocadas habitualmente. Há uma defasagem entre a lei e a realidade. Em relação ao que a Cons-tituição de 88 nos prometeu, ainda é necessário implementar algumas coisas. Por exemplo, a igualdade de condições entre homens e mulheres. Temos 120 de história republicana e 70 anos de Ministério da Educação e só houve uma mulher no cargo, que foi Ester Figueiredo, no governo de João Figueiredo [1979-1985]. Por que há essa defasagem? Um dos motivos é que as negociações para encaminhamento das leis omitem contradições e dissensões. Se pesquisarmos os debates da Assembleia Nacional Cons-tituinte, poderemos, com uma lupa dos anos 2000, que as dissensões estavam lá. Mas como queríamos uma palavra de ordem mais unitária, não prestamos atenção nessas dissensões. Pude revisitar os debates da Constituinte em relação às questões da infância. No que diz respeito ao artigo 227 — que vai originar o ECA —, encontro duas posições: uma absolutamente assistencialista e outra de vanguarda, que será vitoriosa na Convenção sobre os Direitos da Criança, segundo a qual a criança é um sujeito de direitos também. Nenhum partido político brasileiro tem, em sua agenda, uma questão específica sobre a infância. Então, como é que o ECA foi aprovado? Ou seja, há uma defasagem muito grande também porque, em relação à legislação, as pessoas atuam mais no plano discursivo do que no plano de prática social. É mais fácil chegar a um acordo negociado na discussão do que na implementação das políticas, quando será preciso, de fato, dos recursos. Ressalto que não estou jogando a Constituição fora; pelo contrário, foi ela que abriu e garantiu as liberdades democráticas neste País. Vivi bem o regime de exceção e digo: ditadura, nunca mais.

Cezar Santos — Mas há exageros evidentes na Constituição, que causam ilusão na cabeça das pessoas. Por exemplo, o direito à moradia está garantido por lei.

A Constituição, o ECA, a Convenção, tudo isso dão um norte e permitem que se lute por aquilo. É uma pena, realmente, que seu conteúdo ainda não tenha sido implementado na prática. Toda a legislação— seja nacional ou internacional, constitucional ou infraconstitucional — ocorre em um contexto político, no qual se têm vários embates. Então, o ECA não é só uma legislação infraconstitucional para crianças e adolescentes; é algo que tem uma parte de diálogo com a dimensão internacional do País. A Constituição e o ECA estão muito colados na Convenção. E quem deu o norte para a Convenção? A guerra fria, o embate entre o Ocidente e o Leste europeu, os primeiros sustentando os direitos civis e os últimos, os direitos sociais. Durante o debate do ECA, havia atores que se digladiavam para conseguir determinadas posições políticas: havia os antigos juízes de menores, interesses latino-americanos muito influentes etc. O que houve no fim da década de 1980 foi tentar articular duas linhas de justiça de complexidade e, talvez, de impossibilidade de ajustamento, que foram a dimensão de proteção e a dimensão de liberdade. Passaram, no plano legal — no ECA, na Convenção e na Constituição —, duas perspectivas que vêm de histórias diferentes e que têm implicações diferentes: os “direitos de” e os “direitos a” — “de” proteção e “à” liberdade. Ora, ao colocar os direitos à liberdade da criança e do adolescente em uma sociedade adultocêntrica e tão desigual quanto a brasileira, a perspectiva de transformação dos direitos em práticas é muito complicada. Como eu, criança, posso exercer o direito à participação social se eu não tenho acesso, em meu bairro, a nenhum equipamento cultural?

Cezar Santos — Como estudiosa da área, o que a sra. apontaria como mais problemático na educação brasileira?

O mais problemático na educação brasileira é seu caráter não democrático, que se manifesta em dois planos: o do acesso e permanência e o da qualidade. Há segmentos sociais que são discriminados — seja por região, local de moradia, por idade, raça, etnia, etc. As desigualdades sociais são observadas na educação e esses segmentos sociais têm menos acesso e menor possibilidade de permanecer e ter sucesso e usufruem de uma educação de pior qualidade. Dessa forma, não vejo possibilidade de melhoria da qualidade da educação sem ampliação dos recursos orçamentários, sem valorização do magistério de forma muito intensa e sem uma valorização mais geral da educação por outros setores que não só os educacionais. Para o sistema educacional melhorar, é necessário que a educação da população, no geral, também esteja melhor. Se a educação da população no geral não melhora, o debate sobre a educação será sempre muito rasteiro e as exigências e metas políticas de melhoria serão também muito rasteiras. Para isso, é preciso também ampliar o orçamento.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estudo destaca situação de vulnerabilidade de crianças indígenas


Por: Karol Assunção - Adital
31/01/2012

"O pertencimento a um povo indígena põe as crianças e os adolescentes em uma situação de maior vulnerabilidade”. Essa é uma das conclusões destacadas pelo Ministério de Desenvolvimento Social do Chile e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no estudo Incluir, Somar e Escutar – Infância e Adolescência Indígena.

A publicação, elaborada em 2011, apresenta dados da Enquete de Caracterização Socioeconômica Nacional (Casen) referentes à população infantil e adolescente indígena e não indígena entre os anos de 1996 e 2009. As observações destacadas no estudo não são nada positivas para meninos e meninas indígenas, população que representa 8,7% do total de menores de 18 anos de idade no país.

Segundo a pesquisa, a pobreza é uma realidade presente na vida de 26,6% das crianças e dos adolescentes indígenas chilenas. Entre os não indígenas, essa porcentagem cai para 21,7%. O número de lares com crianças que se encontram abaixo da linha da pobreza também é maior entre a população indígena. De acordo com o estudo, 23,1% dos lares com presença da população infantil indígena estão abaixo da linha da pobreza, enquanto que essa situação faz parte da realidade de 17,6% das casas com crianças não indígenas.

"A diferença de pobreza se relaciona estreitamente com a condição de atividade e segurança trabalhista dos chefes de casa. As mulheres apresentam um atraso em matéria de inserção laboral, acentuando-se nas indígenas e rurais. Também a situação contratual é mais instável neste grupo”, revela, destacando ainda a "feminização da pobreza indígena”.

A pesquisa constata que as residências chefiadas por mulheres indígenas são mais pobres e indigentes que as chefiadas por mulheres não indígenas. Além disso, destaca a condição econômica também está relacionada ao gênero do/a chefe/a do lar.

"A média de rendas autônomas dos chefes de lar com população infantil revela uma importante diferença de gênero, em que as rendas são menores no caso das [casas] chefiadas femininas do que das masculinas. As mulheres chefes de lares urbanos com população infantil indígena recebem 78% das rendas que recebem os homens que são chefes de lares das mesmas características. Por sua parte, as mulheres chefes de lares rurais compostos por meninos, meninas e adolescentes indígenas recebem 54% das rendas dos homens que cumprem igual função em lares das mesmas características (indígenas e rurais)”, ressalta.

Além disso, o estudo mostra que as crianças indígenas estão deixando de conhecer sua língua. De acordo com a publicação, 89,4% da população infantil indígena não fala nem entende sua língua originária. Por outro lado, destaca o aumento do acesso à educação tanto para indígenas como para não indígenas.

A educação pré-escolar e o ensino básico apresentam coberturas similares tanto para indígenas quanto para não indígenas. Entretanto, a diferença de acesso à educação entre os dois grupos surge nas etapas de ensino médio e superior. 29,9% dos não indígenas conseguem chegar ao ensino superior; entre os indígenas, entretanto, essa porcentagem não chega a 20%.

"O acesso à educação apresenta um dos desafios mais importantes, já que, se bem que coberturas e o acesso à educação pré-escolar e básica estão garantidos, observa-se um importante abandono escolar por parte dos adolescentes e jovens indígenas, enquanto que as porcentagens de presença diminuem à medida que avançam os níveis educacionais. Também, o acesso à educação superior requer políticas que incorporem nos processos de ensino as particularidades culturais dos povos indígenas com o objetivo de paliar as diferenças de cobertura, possibilitando um acesso à educação superior com igualdade de condições”, considera.

Fonte: Adital

sábado, 28 de janeiro de 2012

Mulheres ganharam 28% a menos do que os homens em 2011


Por: Alessandra Saraiva, da Agência Estado
27/01/2012

RIO - A renda do trabalhador brasileiro apresentou cenário favorável em 2011, mas as disparidades nos ganhos ainda persistem. As mulheres ganharam, em média, 28% a menos do que os homens em 2011, segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) Cimar Azeredo. No ano passado, em média, as mulheres ganharam R$ 1.343,81 contra R$ 1.857,64 dos homens.

Isso ocorre num ano em que o rendimento médio mensal habitualmente recebido no trabalho principal, de homens e de mulheres, foi estimado em R$ 1.625,46. A quantia é equivalente a aproximadamente três salários mínimos, e foi o valor anual médio mais elevado desde 2003, 2,7% superior a 2010.

A disparidade não atingiu somente gênero, mas também raça. No ano passado, os trabalhadores de cor preta ou parda ganhavam, em média, pouco mais da metade do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. As médias anuais de renda, em 2011, foram de R$ 1.073,22 para os trabalhadores de cor preta e de R$ 1.121,44 para os de cor parda, enquanto a dos trabalhadores de cor branca foi de R$ 2.050,25.

Fonte: Estadão.com

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A invisibilidade das questões étnico-raciais e a mídia


Por: *Claudia Vitalino - Secretaria Municipal de Luta Anti-Racismo do PCdoB da Capital.
24/01/2012

A questão racial vem pontuando as discussões voltadas para a democratização da comunicação e também na conquista da cidadania. O consenso de que a superação das desigualdades raciais e sociais passa pela correção das assimetrias do próprio Estado Brasileiro devem passar a encarar as relações raciais como um tema transversal que estrutura a dinâmica das sociedades

Um relatório da UFRJ divulgado em 2011 aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de desempregados. De acordo com o relatório, em 2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e pardos (23,9% de homens e 30,8% de mulheres). Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os negros e pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres).

O Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos.

De acordo com pesquisa do IBGE divulgada em julho de 2011, as diferenças raciais ou de cor influenciam em aspectos como acesso a trabalho (71%), relação com justiça/polícia (68,3%) e convívio social (65%). No Distrito Federal, onde há o maior PIB per capita do país, esses aspectos são ainda mais perceptíveis: trabalho (86,2%), convívio social (78,1%) e relação com justiça/polícia (74,1%).

A população negra e a cultura afro-descendente estão sendo sub-representadas na TV públicas

A programação atual das TVs Pública expressa um baixo perfil de reflexão sobre o pluralismo cultural brasileiro. Ela deixa, especialmente, de incorporar as matrizes étnico-raciais negra e indígena, vertentes que imprimiram na fusão com a cultura europeia a originalidade da cultura brasileira e o grande patrimônio simbólico deste país. Conceitualmente, foram classificados como programas que trataram da temática raça ou cultura negra aqueles que mencionaram direta ou indiretamente os elementos caracterizados como pertencentes à cultura negra brasileira ou estrangeira (religiosidade, comida, música, dança, folclore etc.). Um exemplo é o programa de entrevista com uma banda de rock, classificado na categoria “um pouco”, no que diz respeito à abordagem da cultura negra, porque o líder euro-descendente do grupo citou que produzia “um som” com muita influência do blues. Tais elementos foram suficientes para, positivamente, considerarem que o programa de alguma forma citou a cultura negra, mesmo que de forma diaspórica, e de passagem.

O mesmo padrão foi apresentado pela TV Cultura. Em todos os canais foi impossível identificar qualquer apresentador deste gênero que não fosse do segmento racial euro-descendente.

Relembrando

O ano de 1988 foi marcado por uma série de movimentações sociais resultantes do movimento negro e que, evidentemente, eram noticiados pelos diversos tipos de mídia. Além do movimento internacional liderado pela ONU para o fim da apartheid. No Brasil era comemorado o centenário da abolição da escravatura, a Campanha da Fraternidade tinha como tema o combate ao racismo e a vencedora do carnaval carioca foi à escola de samba Vila Isabel, que falou do movimento negro.

A nova Constituição brasileira de 1988 passou a considerar o racismo como crime, o que foi regulamentado no ano seguinte, pela a Lei 7.716, do então deputado negro Carlos Alberto Caó.

Embora o nosso País, segundo os especialistas, seja detentor de uma admirável legislação de combate à discriminação, em especial à discriminação racial (podemos citar a Constituição Federal, os diferentes tratados internacionais, como por exemplo, a Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho - OIT e as leis penais que sinalizam e dão os caminhos de combate à discriminação) ainda persistem sistematicamente as disparidades entre brancos e negros.
O trecho transcrito faz parte do editorial "Ironia de um congresso", do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), publicado num domingo, 12 de janeiro de 1930:

“Por que motivo os negros, em grande maioria, moram nos cortiços? A resposta assegura-lhe, é muito fácil: a pouca valia que imprimem aos seus trabalhos; a pouca ou nenhuma cultura e a acentuada dolência dos seus passos; a inércia e a falta de vontade e iniciativa para uma reação na trilha do progresso são as causas principais que obrigam os negros às misérias do cortiço."

É muito pouca a participação de profissionais negros na mídia ainda hoje em pleno século XXI e esta não é uma característica apenas do meio televisivo.

A imprensa direcionada a negros, produzida por negros e retomada pela revista Raça, por exemplo, data do início do século XX. Sentindo a impermeabilidade da "imprensa branca", um grupo de negros paulistas fundou, em 1915, uma imprensa alternativa. É o que a antropóloga Miriam Nicolau Ferrara, estudiosa do assunto, chama de "imprensa negra". Pela primeira vez o negro tornou-se o alvo de um conjunto de periódicos específicos, que se sucederam durante quase cinqüenta anos, até 1963, quando foram reprimidos pela ditadura.

Os jornais da imprensa negra concentraram o seu noticiário apenas nos acontecimentos da comunidade, divulgando a produção dos seus intelectuais e não priorizando fatos de grande repercussão nacional e internacional (como as duas Grandes Guerras, a Coluna Prestes, entre outros). "Movimentos de militância, como a imprensa negra, foram e são formas de valorizar a cultura negra e de aumentar a sua auto estima"

O Brasil, institucionalmente falando, avançou significativamente na discussão sobre o tema, mas apenas no discurso. O país se reconheceu oficialmente como racista, afirmação até há pouco tempo interditada pelo discurso oficial. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu publicamente em reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) que o problema secular de desigualdade no País possui um viés marcadamente racial. Ele também afirmou categoricamente que para compreender os extremos da exclusão no Brasil era necessário se remeter à situação de uma mulher negra nordestina, que reúne ao mesmo tempo as dimensões de gênero, raça e pertencimento geográfico.

Propostas:

• Que sejam reconhecidas pelo conjunto da categoria as ações contra todo e qualquer tipo de discriminação e em defesa da igualdade étnica desenvolvidas pelo Núcleo de Comunicadores Afro-descendentes do Rio de Janeiro.

• Que os sindicatos de comunicação acompanhem relatos sobre as questões específicas dos afro-brasileiros e outros segmentos discriminados da população brasileira.

• Realização de parcerias com instituições, entidades e organizações não governamentais que venham a auxiliar no desenvolvimento de ações e políticas para atender as demandas históricas da comunidade negra brasileira, com o objetivo de promover a igualdade racial entre os trabalhadores dos meios de comunicação e também para melhorar a qualidade da cobertura jornalística dos temas relacionados com a etnia negra e indígena.

• A inclusão da auto declaração étnico-racial nas fichas sindicais, medida que deve ser precedida por uma campanha de esclarecimento junto à categoria.

• Apoio e execução de políticas (ações afirmativas, cotas) para os meios de comunicação.

• Monitorar as discussões e aplicação de metas dos organismos nacionais e internacionais (ONU, OEA, Conferências, DHESCs) que regem os princípios dos direitos humanos e relações raciais no Brasil e no resto do mundo.

A mídia dominante insiste que o racismo no Brasil não tem um caráter sistêmico, abordando a questão sempre pela ótica individual. A ação da mídia é sempre no sentido de minorar a questão, tirando a seriedade para que não entre na agenda, a FALE RIO é um importante instrumento de luta e debate.

No ultimo dia 23, na reunião da FALE RIO, o PCdoB teve uma participação expressiva no debate, onde estiveram presentes também: UEE, UEES, DCE FACHA, Barão de Itararé, UNEGRO, CEBRAPAZ, Gabinete da Enf. Rejane, única representação parlamentar, foi representada pela Flavia Calé (Presidente da UJS-RJ), tal como já acertado com a deputada e o gabinete, isso foi formalmente acertado na plenária.
É importante que outras entidades do movimento negro, jornalistas, intectuais e artistas negros entrem na discussão.

Foi debatido também o PL do Conselho Estadual de Comunicação do ponto de vista do texto e tática de negociação. A coordenação ficou de precisar as contribuições e debater a melhor estratégia para tentar sensibilizar o executivo para aprovação do Conselho. No final foram dados os informes e marcada a nova plenária parao dia 6 de fevereiro.

Fonte: Vermelho.org

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cordel do BBB


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bial
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a “poderosa” Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL.

Autor: Antonio Carlos de Oliveira Barreto, Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador, compositor de música popular e escritor com mais de 100 cordeis publicados como Zumbi, O Aluno Que Não Queria Crescer, O caipira e a delegada e outros.

Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara/Bahia-Brasil.

Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.

Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.

Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.

Vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado aproximadamente 100 folhetos de cordel abordando temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.

Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Unesco, Brasil e EUA lançam projeto para estimular respeito às diferenças nas escolas


Por: Ascom Seppir
20/01/2012

Iniciativa visa incentivar o convívio harmônico entre crianças a partir do desenvolvimento de currículos e políticas que incluam componentes de educação para a tolerância racial

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), lança hoje (18) o projeto “Ensinando respeito para todos”. Trata-se de uma cooperação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos e a Unesco, com o objetivo de desenvolver currículos que incentivem o convívio respeitoso e harmônico entre crianças nas escolas. A cerimônia, iniciada às 11h30, horário de Brasília, tem transmissão ao vivo pelo link mms://stream.unesco.org/vod/respect4all_18012012_fr.wmv

A cerimônia acontece na sede da Unesco, em Paris, e conta com a presença do diretor-geral da Unesco, Irina Bokova, da secretária de Estado Adjunta para Assuntos de Organizações Internacionais dos EUA, Esther Brimmer, e do secretário Executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil, Mário Theodoro. Além destas autoridades, o evento reúne representantes de governo, especialistas e profissionais de diferentes países. Estudantes da Tallwood High School, em Virgínia Beach (EUA) e Bagunçaço, um Centro Educacional para jovens em Salvador, Bahia (Brasil), participam da solenidade por videoconferência.

Coordenado pela Unesco e financiado pelo Departamento de Estado dos EUA, o projeto reconhece o papel fundamental das escolas no combate à discriminação racial e étnica. Inicialmente, o “Ensinando respeito para todos” irá rever a legislação, currículos e políticas que já incluem um componente de educação para a tolerância e identificar as melhores práticas neste domínio. Numa segunda fase, o projeto desenvolverá recursos educacionais e currículos que serão primeiramente implementados em países-piloto selecionados.

Ao longo do processo, previsto para durar três anos, serão fornecidas ferramentas práticas sobre como integrar a luta contra a discriminação ao currículo e reforçar a tolerância na educação e livros didáticos. Para esse efeito, será formada uma equipe de profissionais que incluirá especialistas na luta contra o racismo, educação para a tolerância e os direitos humanos.

Além disso, serão criadas duas plataformas on-line: uma para profissionais da educação, e outro para jovens, para compartilhamento de experiências e apresentação de sugestões. No Brasil, o projeto deverá funcionar como um reforço para efetivação da Lei 10.639/2003, que modifica a Lei de Diretrizes Curriculares com a inclusão do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas.

Fonte: Seppir

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Muhammad Ali completa 70 anos de idade


Por: Exame
19/01/2012

Nascido no racista Kentucky dos anos 40, boxeador foi um dos pilares dos movimentos negros nos EUA

“Voo como uma borboleta, pico como uma abelha, você não pode bater no que não pode ver”. Tão bom frasista quanto pugilista, Muhammad Ali – a personificação da confiança – completou 70 anos, nesta terça-feira. Nascido no racista Kentucky dos anos 40, foi um dos pilares dos movimentos negros nos EUA. Negou-se a ir para a Guerra do Vietnã. “Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra ele”, perguntou o jovem campeão quando convocado para a incoerente batalha da Guerra Fria.

Mas sua atuação fora do ringue só ganhava repercussão porque seus golpes destroçavam pesos-pesados igual papel. Lendas da nobre arte como Sonny Liston, Floyd Patterson, Joe Frazier, George Foreman, Ken Norton, Larry Holmes, Leon Spinks caíram aos seus pés. No documentário Encarando Ali, todos esses, que um dia ficaram entre as cordas com Cassius Clay/Ali, são unânimes: ele levou o boxe para outro patamar e lutar contra ele mudou a vida de todos.

Ainda na ativa como boxeador, ele começava a ser eternizado em livros (como A Luta, Norman Mailer), filmes (Quando Eramos Reis), quadrinhos (Superman vs. Muhammad Ali), fotografias, músicas e poesias. Lutas com ele se tornaram clássicos da cultura pop. Rumble in the Jungle, o combate no Zaire com George Foreman, é até hoje lembrado. Ali permaneceu por 7 logos assaltos sendo golpeado impiedosamente e praguejando: “É só isso que você tem?” ou “disseram que você batia forte” ou ainda “minha mãe bate mais forte que você”. Enxergando a luta como uma partida de xadrez, Ali deixou o novato Foreman cansar de bater, literalmente, para nocauteá-lo exausto quando decidiu que era hora de soltar o braço.

Estratégias temerárias faziam parte do seu portfólio. Na clássica Thrilla in Manilla, em 75, Ali venceu Joe Frazier por pontos depois de suportar os últimos rounds com a mandíbula fraturada. Smokin’ Joe, como chamavam seu maior rival no ringue, achava que era parcialmente responsável pelo fato do inimigo ter desenvolvido o Mal de Parkinson. O Campeão do Povo acreditava que a ausência de fé que faz as pessoas temerem os desafios. “Eu tenho fé em mim mesmo”, disse, o mais influente esportista do século XX, antes de descobrir a doença que o calou. Ele não foi apenas o melhor lutador da história. Foi o ícone de uma época. Venceu e foi vencido.

Fonte: Exame

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Educação é uma das armas do país para conquistar o desenvolvimento pleno


Cada ano a mais de ensino na formação de trabalhadores tende a elevar o crescimento econômico em até 7%

A transformação social do Brasil nos últimos 10 anos, fruto da consolidação da estabilidade econômica, resultou na ascensão de mais de 40 milhões pessoas à classe média e em um mercado consumidor invejável. Depois de mais de duas décadas de estagnação, hiperinflação e desemprego recorde, esse contingente de brasileiros pôde ir às compras, reformar a casa, botar o primeiro carro na garagem. Enfim, satisfazer necessidades relegadas por tanto tempo. Mas quando descontados todos os avanços, nada salta mais aos olhos do que o baixo nível educacional da nação que caminha, a passos largos, para se tornar a quinta potência do mundo até 2015.

“Se o Brasil quiser completar os 200 anos de independência, em 2022, livre das amarras do atraso, a única opção que lhe resta é fazer a revolução da educação. E ela precisa começar já, ou jamais seremos referência nesse tema que tem nos custado tão caro”, diz Mozart Neves Ramos, conselheiro da ONG Todos pela Educação. Felizmente, ainda que o ritmo não seja o desejado, as mudanças estão se impondo no horizonte. Em muitas famílias, pela primeira vez, um de seus integrantes está tendo acesso à universidade, seja pelo aumento da renda, seja por meio de uma bolsa de estudo ou de um financiamento bancário.

Com mais anos de estudo no currículo, os brasileiros estão deixando para trás um destino que, para muitos, parecia traçado: conseguir, no máximo, um subemprego e viver açoitado pela pobreza e pela falta de perspectivas. Não à toa, tornaram-se exemplos para os mais próximos. Atualmente, o Brasil oferece 29,5 mil cursos em instituições públicas e privadas de nível superior, três vezes o número existente em em 2000. Naquele ano, cerca de 300 mil estudantes concluíam, anualmente, a graduação. Pelas contas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), pelo menos 1 milhão de profissionais foram formados em 2011.

Potencial

Em algumas regiões, como o Nordeste, o ingresso de estudantes em curso superior cresce vertiginosamente: as matrículas passam de 1 milhão por ano, atrás apenas do verificado no Sudeste, onde estão os estados mais ricos do país. Nos cálculos do pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, o incremento educacional no Nordeste tem impulsionado mais a economia do que os programas de transferência de renda do governo. Entre 2001 e 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita nordestino avançou 41,8%, dos quais 31,8 pontos percentuais decorreram do aumento da escolaridade e 5,4 pontos, dos repasses governamentais.

No conjunto da economia, o impacto da educação tem potencial ainda mais expressivo. O acréscimo de um ano na média de escolaridade dos brasileiros, que, atualmente, é de apenas 7,2 anos, é capaz de ampliar em até 7% o PIB, a soma de todas as riquezas produzidas em um ano, diz o economista Samuel Pessôa, sócio da Consultoria Tendências. Ele explica que tal crescimento resultaria da combinação do avanço no salário médio dos trabalhadores com a criação de condições mais favoráveis para o investimento e o desenvolvimento de novas tecnologias. “O aumento da escolaridade tem, inegavelmente, impactos diretos e indiretos sobre o PIB a longo prazo”, ressalta.

Na avaliação de Pessôa, longe de ser apenas uma benesse oferecida à população, o estímulo à educação é uma estratégia adotada tardiamente pelos governos no Brasil. Os primeiros esforços para fazer do ensino uma ferramenta para o crescimento econômico surgiram há menos de 20 anos. Apesar de o país ter, atualmente, 6,4 milhões de alunos matriculados em cursos superiores, mais do que o dobro de uma década atrás, o contingente representa apenas 15% da população com idade entre 18 e 24 anos.

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, reconhece que o número é pequeno, mas afirma que o trabalho feito nos últimos 10 anos não pode ser desprezado. “Nós estávamos com um percentual de jovens e de adultos lamentavelmente muito baixo nas universidades. Mas, por mais que tenhamos feito, ainda estamos muito além do ideal”, admite.

Fonte: Correio Braziliense

Desenvolvimento do país depende da educação, diz presidenta


A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (16) que o desenvolvimento do país depende da educação. No programa semanal Café com a Presidenta, ela destacou a democratização do acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). Juntas, as iniciativas contabilizam mais de 300 mil vagas abertas desde o início do ano. “O desenvolvimento do país depende da educação e por isso esses programas são tão importantes, são tão estratégicos para o jovem, para a sua família e, sobretudo, para o Brasil”, disse. “Nossa intenção é garantir a todos os jovens que queiram frequentar a universidade uma chance, uma oportunidade”, completou.

Dilma lembrou que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) permite que o estudante financie até 100% da mensalidade, com juros de 3,4% ao ano. O programa prevê ainda que o aluno só comece a pagar o empréstimo um ano e meio após o término da faculdade. O prazo é três vezes mais que a duração do curso.

Além disso, segundo a presidenta, jovens que optarem por cursos de licenciatura ou de medicina e que forem trabalhar dando aulas em escolas públicas ou atendendo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em locais em que há carência de médicos poderão ter o débito do Fies reduzido. “A educação é a principal ferramenta para a conquista dos sonhos de cada um e também para que o Brasil continue crescendo, distribuindo renda, para que seja um país de oportunidade para todas as pessoas. Nada é mais importante que a educação quando se trata de distribuição de renda e de garantia de futuro”, concluiu Dilma. (Fonte: Agência Brasil)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Liberdade de expressão: para todos?


Direito à liberdade de expressão significa a garantia de qualquer indivíduo poder se manifestar, buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros. Isto pode acontecer pelas linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação.

A liberdade de expressão não é um direito absoluto, mas quando houver restrição, ela deve ser baseada em parâmetros claros, estritos e dentro de uma conjuntura definida. A restrição legítima é bem diferente de abuso de poder e ilegalidade.

O Brasil acompanhou no dia 21/05 a polêmica que envolveu a Marcha da Maconha, posteriormente chamada de Marcha pela Liberdade de Expressão. Os manifestantes foram ameaçados por policiais militares, que usaram bombas químicas e de efeito moral para reprimir o ato.

Não foi um acontecimento único. Muito movimentos organizados para defender seus próprios direitos ainda são reprimidos. Na realidade em que vivemos, liberdade de expressão é um direito conquistado que pode ser exercido por todos?

Amaury Ribeiro Jr. diz que CPI mostrará que privatizações foram ´roubalheira geral´


São Paulo – Autor de um dos livros brasileiros mais vendidos em dezembro de 2011 e janeiro deste ano, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. afirmou que vê com naturalidade a reação do ex-governador José Serra (PSDB) ao conteúdo de "A Privataria Tucana". Para ele, quando a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as privatizações promovidas durante a década de 1990 for instalada na Câmara Federal, o tucano terá revelado seu lado "autoritário" e blindado pela mídia.

"A Privataria Tucana" apresenta indícios claros, a partir de documentos públicos ou obtidos legalmente, de um esquema bilionário de fraudes no processo de privatização de estatais durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Serra, que era o ministro do Planejamento, gestor do processo, tem parentes e pessoas próximas acusadas de envolvimento com movimentações de contas em paraísos fiscais, além de operações de lavagem de dinheiro. O jornalista acusa ainda o ex-caixa de campanha do PSDB e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira de ter atuado como "artesão" da construção de consórcios de privatização em troca de propinas.

O pedido de CPI da Privataria foi protocolado pelo deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) em dezembro, com 185 assinaturas, 14 a mais do que o mínimo exigido para abertura da comissão na Câmara. Ele obteve o compromisso do presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS) de que haveria encaminhamento da demanda em fevereiro, após o recesso parlamentar de fim de ano.

Serra chegou a chamar o livro de "lixo" e, mais recentemente, disse também que a CPI para investigar as revelações presentes no documento não passava de uma "palhaçada". Ribeiro Júnior disse receber as manifestações sem surpresa, mas retrucou afirmando que o ex-governador é "um cara autoritário", e que isso se deve à misteriosa blindagem que a mídia mantém em torno dele.

"Ele (Serra) está tentando me desqualificar porque não tem como explicar as coisas que estão lá (no livro), porque são inexplicáveis. Ele tenta usar outros caminhos para se defender", avalia. "Embora utilize um discurso democrático, ele não sabe tratar as pessoas, não sabe lidar com (críticas feitas por) jornalista”, criticou Ribeiro Júnior.

Ribeiro ainda enxergou com bons olhos a investigação que será realizada pela CPI, que segundo ele, "servirá para aprofundar os trabalhos, trazer fatos novos". O autor acredita que com uma apuração mais aprofundada, utilizando-se todos os instrumentos legais de uma CPI, muita novidade irá surgir.

"(A CPI) Vai mostrar que a coisa foi muito maior. Vai mostrar que foi uma roubalheira geral, que foi só para enriquecer pessoas mesmo, e que o patrimônio do Brasil foi lapidado para enriquecer pessoas ligadas ao tucanato. Com certeza vai chegar a valores assustadores e nomes grandes", previu.

O jornalista também alertou para possíveis tentativas da velha mídia de tentar abafar os trabalhos da CPI. "Com certeza eles vão tentar esconder, como fizeram na época do Banestado. Eles não vão destacar porque muitos desses órgãos de comunicação se beneficiaram das privatizações."

Mais denúncias

Ribeiro relatou que está trabalhando em três outras reportagens, que podem render material para novos livros. “Este ano ainda vou soltar outro livro, mas vamos decidir qual será a prioridade”, falou. Sem revelar os conteúdos, o autor adiantou que um deles trata das artimanhas de uma mineradora para "fraudar o pagamento de royalties".

Fonte: Rede Brasil Atual

Ilusionismo



"A TV faz como o mágico, que destrai o público com o lenço enquanto tira o pombo da cartola. Infelizmente, assistimos a essa mágica todos os dias no telejornalismo brasileiro". (Lalo Leal)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Placa em piscina que proíbe presença de negros causa polêmica nos EUA



Por: Jornal do Brasil
13/01/2012

Uma mulher foi acusada de racismo depois de colocar uma placa que proibia negros de usar a piscina de um condomínio em Cincinnati, nos Estados Unidos.

De acordo com uma comissão de direitos civis de Ohio, Jamie Hince foi acusada de violação dos direitos civis e racismo por Michael Gunn, ex-morador do prédio, que afirmou que a proprietária proibiu sua filha de usar a piscina pois usava produtos no cabelo que "deixavam a água turva" disse.

A proprietária negou as acusações e afirmou que a placa, datada de 1931, é uma relíquia e foi usada apenas como objeto de decoração. Jamie afirmou que é colecionadora de antiguidades.

Fonte: Jornal do Brasil

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Negros compõe maioria dos desempregados no DF e recebem salários menores


Os negros somam dois terços dos trabalhadores da cidade e representam a maioria dos desempregados. Entre os que conseguiram uma oportunidade, o salário é, em média, 35% menor do que o pago aos não negros

Djalma Soares da Silva Filho perdeu a conta de quantas vezes ouviu expressões desabonadoras em relação aos negros enquanto trabalhava como ajudante de pedreiro em uma casa no Lago Norte. Pensou em pedir demissão e procurar um advogado, mas acabou não levando a ideia adiante. “Precisava do trabalho e do dinheiro”, justifica o jovem de 17 anos, morador do Recantos das Emas. Ele abandonou os estudos na 6ª série do ensino fundamental e passou a viver à procura de bicos. Para facilitar a busca, fez cursos de mecânica e eletrônica.

Desde o último sábado, o Correio publica uma série de reportagens sobre a face do desemprego no Distrito Federal. Os números do mercado de trabalho ao longo dos últimos 20 anos revelam que as oportunidades estão historicamente mais distantes de negros, como Djalma. Apesar de o fosso ter encurtado no período analisado pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a taxa de desocupados entre a população negra se mantém superior à dos não negros e acima da média regional. Além disso, os salários continuam apresentando uma diferença considerável: negros ganham, em média, 35% menos.

Os negros compõem dois terços dos trabalhadores da capital do país. As estatísticas indicam uma tendência de maior alocação desse grupo no mercado. Porém, fatores como a escolaridade e a qualificação dos candidatos e o preconceito racial por parte dos empregadores ainda deixam os negros em situação de desvantagem. De acordo com projeções feitas pelo economista Júlio Miragaya, o percentual de desemprego diferenciado pela cor da pele só se igualaria em 2035. Os rendimentos, por sua vez, levariam 195 anos para atingirem patamares semelhantes.

A taxa de desemprego dos negros tem caído mais rapidamente do que a de não negros no DF (veja quadro). Entre 1992 e 2001, diminuiu de 18% para 13,5%. Os postos de trabalho ocupados por eles, no entanto, permanecem associados à baixa qualificação, sobretudo no setor da construção civil. “Os negros apenas estão saindo de uma situação de desemprego para uma de emprego precário e mal remunerado”, observa Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e presidente do Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (Ibrase).

Negro e com tatuagem no braço, Djalma diz ter certeza de que sua aparência dificulta a conquista de uma vaga. “Você sabe como é a maioria desse povo com mais dinheiro. Tenho é dó”, diz, ao consertar um estilingue para os primos da namorada, grávida de seis meses, brincarem. Ele se esforça para ocupar o tempo. Às vezes, bate perna à toa, sem rumo, só para não ficar parado em casa. O sonho do jovem é não depender do dinheiro de ninguém para sustentar a futura família. “É ruim demais ficar sem emprego. Tenho que comprar as roupinhas da minha filha e não aparece nada”, acrescenta.

Intervenção
Boa parte dos negros ainda não tem acesso à qualificação. Mas investir na formação dos preteridos pelo mercado não elimina a desigualdade, na opinião do coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio. Para ele, mesmo com nível de escolaridade avançado e cursos no currículo, os negros encontram dificuldade em ocupar determinadas funções. “Nossa sociedade ainda não se acostumou com pessoas negras trabalhando. Isso é resultado de uma herança colonial que persiste. A presença negra é uma presença negativa”, afirma.

Estudioso e ativista da questão racial, Inocêncio defende a intervenção do Estado no acesso dos negros aos postos de trabalho. Ele é favorável à reserva de vagas em concursos públicos para candidatos de pele escura, como ocorre em alguns casos. Na iniciativa privada, sugere políticas de incentivo a empresas que contratam negros. “Não adianta ficar esperando que os empregadores se sensibilizem com esses números. Isso não vai acontecer. Se o Estado não intervir no processo, essas diferenças não vão desaparecer”, argumenta.

O cenário traçado pela PED não surpreende a coordenadora do Movimento Negro Unificado do DF (MNU-DF), Jacira da Silva, mas a deixa preocupada. “Os dados comprovam que não estamos inventando nada: o racismo existe”, afirma. A população, acrescenta ela, não está preparada para ações do governo envolvendo a questão racial porque a discriminação é sutil. Quando exige do candidato um currículo com foto, por exemplo, Jacira acredita que o empregador adota um mecanismo de exclusão. “Para quê essa foto? Por que ela vai influenciar na escolha?”, questiona.


Censo
No fim do ano passado ano passado, o Correio mostrou, com base nos dados do Censo 2010, que 55,9% dos brasilienses se declararam negros — pretos ou pardos — e 42% disseram aos pesquisadores que se viam como brancos. A proporção de negros no DF é maior em cidades de renda mais baixa.

FONTE: www.correiobraziliense.com.br

UM SONHO



Um sonho
Ontem sonhei o teu sonho
Sonhei que os soldados
Cantando e dançando
Libertando-se de todo mal
Surgiam de todos os lugares
Para velar o funeral
De todo arsenal
Das ogivas nucleares.
No sonho
Os homens não eram escravos
Nem de si
Nem dos outros
Tampouco das cores
Pois o dinheiro
Havia sido morto no combate com o amor.
As crianças,
Cravo e canela,
Dançavam com as flores
Como não tinham fome
Caçavam estrelas
Quando cansadas
Tornavam-se nelas.
Sonhei
Que as mulheres e os homens
Não tinham coisas,
Mas sentimentos
E em sinal de alegria
Plantavam suas orações
Não de mãos espalmadas,
Mas de braços dados
Com o milagre do dia.
E Deus,
Todo pequeno gesto de amor,
Não freqüentava igrejas,
Livros ou estátuas.
Apenas corações,
Só corações.
Ontem sonhei o teu sonho
Sem saber que também
Era o meu.

Sergio Vaz


*do livro "Colecionador de pedras" global editora

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cresce número de denúncias de crime de racismo na web



Segundo a SaferNet Brasil, organização não-governamental especializada no combate a violações de direitos humanos na web, o número de casos encaminhados em 2011 à Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos que envolviam racismo cresceu em comparação ao ano de 2010.

Em 2011, 3.797 notificações relacionadas ao racismo foram encaminhadas, no ano anterior esse número foi de 2.889 denúncias.

O ranking de número de casos encaminhados é liderado por “pornografia infantil”, com quase 16 mil notificações. O número corresponde a cerca de 36% das 42.662 denúncias acumuladas pela central durante os doze meses do ano passado. Destas, 22.305, mais da metade, são referentes a conteúdos publicados na rede social Orkut.

O segundo tipo de violação mais denunciado em 2011, a exemplo de 2010, foi “apologia e incitação a crimes contra a vida”, com 7.800 notificações. Na sequência, aparecem “xenofobia” (4.609), “homofobia” (4.519) e só então “racismo” (3.797). Embora na última colocação, ao contrário dos demais, incluindo pornografia infantil, “racismo” foi o único a apresentar números superiores a 2010.

Vale lembrar que a SaferNet atua em cooperação com órgãos como Polícia Federal e Ministério Público Federal.

FONTE: www.ceert.org.br

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Faz Uma Cota...


Por mais que MAIS DA METADE da América seja NEGRA vejo igualdade racial só nas listras da Zebra.

Por @RENAN_INQUERITO

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O racismo não cordial do brasileiro


Por Mario Sergio

Neste final de ano pude testemunhar e viver a vergonha dessa praga do rascismo aqui em nossa multicultural São Paulo. E com pessoas próximas e queridas. Não dá para ficar calado e deixar apenas o inquérito policial que abrimos tomar conta dos desdobramentos desse episódio lamentável e sórdido.

Na sexta feira, 30, nossos primos, espanhóis, e seu pequeno filho de 6 anos foram a um restaurante, no bairro Paraíso (ironia?) para almoçar. O garoto quis esperar na mesa, sentado, enquanto os pais faziam os pratos no buffet, a alguns metros de distância. A mãe, entre uma colherada e outra, olhava para o pequeno que esperava na mesa. De repente, ao olhar de novo, o menino não mais estava lá. Tinha sumido.

Preocupada, deixou tudo e passou a procurá-lo ao redor. Ao perguntar aos outros frequentadores, soube que o menino havia sido retirado do restaurante por um funcionário de lá. Desesperada, foi para a rua e encontrou-o encolhido e chorando num canto. Perguntado (em catalão, sua língua) disse que "o senhor pegou-me pelo braço e me jogou aqui fora".

O casal e a criança voltaram para o apartamento de minha sogra e contaram o ocorrido. Minha sogra que é freguesa do restaurante, revoltada, voltou com eles para lá. Depois de tergiversações, tentativas de uma funcinária em pôr panos quentes, enfim o tal sujeito (gerente??) identificou-se e com a arrogância típica de ignorantes, disse que teria sido ele mesmo a cometer o descalabro. Mas era um engano, mas plenamente justificável porque crianças pedintes da feira costumavam pedir coisas lá e incomodar. E que ele era bom e até os alimentava de vez em quando. Nem sequer pediu desculpas terminando por dizer que se eles quisessem se queixar que fossem à delegacia.

Minha sogra ligou-me e, de fato, fomos à delegacia do bairro e fizemos boletim de ocorrência. O atendimento da delegada de plantão foi digno e correto. Lavrou o BO e abriu inquérito. Terminou pedindo desculpas e que meus primos não levem uma impressão ruim do Brasil.

Em tempo: o filho de 6 anos é negro. Em um e-mail (ainda não respondido pelo restaurante Nonno Paolo) pergunto qual teria sido a atitude se o menino fosse um loirinho de olhos azuis.