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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Os Miseráveis




Vítor nasceu

No Jardim das Margaridas.

Erva daninha

Nunca teve primavera.

Cresceu sem pai

Sem mãe

Sem norte

Sem seta.

Pés no chão

Nunca teve bicicleta.

Hugo não nasceu, estreou

Pele branquinha

Nunca teve inverno.

Tinha pai

Tinha mãe

Caderno

E fada madrinha.

Vítor virou ladrão

Hugo salafrário

Um roubava pro pão

O outro pra reforçar o salário.

Um usava capuz

O outro, gravata.

Um roubava na luz

O outro, em noite de serenata.

Um vivia de cativeiro

O outro, de negócio

Um não tinha amigo, parceiro

O outro, tinha sócio.

Retrato falado

Vítor tinha a cara na notícia,

Enquanto Hugo

Fazia pose pra revista.

O da pólvora

Apodrece penitente.

O da caneta

Enriquece impunemente.

A um só resta virar crente

O outro, é candidato a presidente.



Sérgio Vaz

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